Dia internacional das mulheres

MST defende soberania alimentar em ato em São Paulo

2007-03-14 00:00:00

O lema “Feministas em luta para mudar o mundo: por igualdade, autonomia e liberdade” será levado para a Avenida Paulista, em 8 de março de 2007, Dia Internacional da Mulher. A expectativa é que 10 mil mulheres pintem mais uma vez de lilás a avenida mais simbólica da cidade.

A concentração da marcha começa às 15h, na Praça Osvaldo Cruz. Depois, as mulheres partem para vão livre do MASP, na Avenida Paulista. Por volta de 18h, começa ato contra o presidente dos Estados Unidos George Bush, com a participação de 50 entidades, como Marcha Mundial das Mulheres, Via Campesina, CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), Conlutas(Coordenação Nacional de Lutas) e Intersindical.

O MST também participa da manifestação, levantando a bandeira da soberania alimentar, contra o agronegócio e as transnacionais da agricultura. O movimento condena também a visita do presidente Bush a países da América do Sul para convencer os governos da região a utilizarem seu território na produção de energia, a partir de produtos agrícolas, com o objetivo de manter o padrão de consumo do “american way of life” no primeiro mundo.

"Um possível sucesso desse plano estadunidense seria uma tragédia para agricultura tropical, transformaria grandes extensões de nossas melhores terras em imensos monocultivos, eliminaria ainda mais a biodiversidade e a produção de alimentos, apenas para abastecer seus carros. Expulsaria milhões de trabalhadores do campo em todo mundo, que se amontoariam ainda mais nas favelas das metrópoles", diz nota da Via Campesina. Atualmente, 11 companhias controlam a produção e a comercialização de grãos, carnes, leite e outros alimentos. As principais empresas são Bunge, Cargill, Dreyfus, Conagra, IBP, Nestlé e Unilever.

Como proposta alternativa ao modelo agroexportador sob domínio de agências como a OMC (Organização Mundial do Comércio), os movimentos sociais propõem a soberania alimentar, que defende a autonomia dos povos para decidir sobre as formas de produção de alimentos e agricultura que melhor convier à realidade nacional e local.

"A soberania alimentar e a agricultura familiar, juntas, garantem a recuperação e preservação da biodiversidade, matas, florestas, plantas medicinais, sementes crioulas, água e terra, todas patrimônio a serviço da humanidade", afirma Irma Ostroski, do MST. Nesse sentido, a mulheres têm um papel histórico no descobrimento e na seleção das sementes e no acúmulo de um amplo conhecimento na produção agrícola e preservação da biodiversidade.

Além desse tema, a manifestação das mulheres pretende discutir outras questões, como a mercantilização e “coisificação” do corpo e da vida das mulheres e a necessidade da ampliação de direitos e resistência a qualquer tentativa de supressão.

Outros temas são o combate à violência contra a mulher; a luta pela valorização do salário mínimo e contra a precarização do trabalho da mulher. A luta pela legalização do aborto também está na ordem do dia para as mulheres.