Um grupo de infiltrados tenta tirar o brilho das mulheres que resistem e reafirmam que outro mundo é possível: com igualdade de direitos e oportunidades

Mulheres paralisam coração financeiro do país

2007-03-09 00:00:00

Mais de 23 mil mulheres, lindas, organizadas, conscientes, guerreiras e lutadoras, tomaram uma das pistas da Av. Paulista, em São Paulo, para mostrar ao Brasil que feministas estão em luta para mudar o mundo, nosso país e nossas vidas.

Como, felizmente, é do conhecimento da grande maioria da população, o oito de março é o dia de luta das mulheres. Diversas manifestações foram organizadas em todo o Brasil, reunindo mais de 50 mil mulheres.

Em São Paulo, a MMM – Marcha Mundial das Mulheres, realizou uma manifestação na Avenida Paulista, reunindo cerca de 23 mil mulheres. A marcha foi pela valorização do salário mínimo e do trabalho das mulheres, o combate à violência sexista, a crítica à sociedade de mercado e ao imperialismo, e a luta das mulheres por autonomia, igualdade e liberdade.

Como o oito de março coincidiu com a visita do “dono do mundo”, o assassino de crianças iraquianas, George W.Bush, as mulheres incorporaram em neste dia de luta, o grito de guerra de “boas vindas” ao presidente americano: Fora Bush do mundo e da América Latina. As mulheres não agüentam a sua política assassina!”. Pela vida e pela paz! Bush nunca mais”. E ainda, Bush, porco tirano! Matou crianças por petróleo iraquiano. Também a dor das mulheres haitianas e a solidariedade das mulheres brasileiras foram lembradas em gritos de guerra como: Fora já, fora já daqui! O Bush do Iraque e o Lula do Haiti”.

E assim a caminhada seguiu em paz. Mostrando ao Brasil e ao mundo que as mulheres sabem o que querem. Estão conscientes de que a vinda de Bush ao Brasil tem um único motivo: enfraquecer a unidade da América latina. Enfraquecer as alternativas de poder pautadas pela justiça social, com igualdade de direitos e preservação ambiental.

Com um discurso social e “ambientalista”, Bush veio ao Brasil em defesa do Etanol - combustível à base de cana-de-açúcar – tecnologia brasileira. Este bio-combustível seria capaz de livrá-lo da dependência do governo de Hugo Chavez, uma vez que os EUA importam 25% de combustível, do governo venezuelano.

As mulheres gritaram alto e em bom som dizendo não ao imperialismo de Bush, ao belicismo, as torturas no Iraque, e ao assassinato de 700 mil pessoas naquele país. Como Bush quer preservar a natureza negando-se a assinar o Tratado de Quioto, contra o aquecimento global?

E assim, a caminhada seguia em paz. – apesar da sua luta intransigente contra a guerra.

Mas ao final, quando tudo parecia ser a máxima expressão da verdade que liberta, a erva daninha adentra entre as flores. Tiros, bombas, gás, violência... Tudo termina em confusão. Um pequeno grupo se infiltra na caminhada da paz e a guerra está feita. A polícia, presente para garantir a segurança das mulheres e auxiliar no caótico trânsito da cidade, se desespera. Violentos? Despreparados? Assustados? Pressionados? Cremos que de tudo, um pouco. Pior, a tarefa de maquiar o país para o presidente norte-americano falou mais alto. O batalhão esqueceu-se da presença das milhares de mulheres e muitas crianças. Bombas foram atiradas instintivamente. A cena foi chocante. Típica dos tristes momentos de ditadura militar. A quem responsabilizar? Ao governo federal que acredita numa parceria digna, ética e íntegra com um governo que mata preventivamente? Ao governo estadual, que massacra a dignidade dos trabalhadores da saúde e da educação? Ao governo municipal, que confunde trabalhador com vagabundo?

Só uma frase nos vem à mente neste momento: mulheres em movimento mudam o mundo.

Viva o 8 de março! Ou melhor, viva a mulher!

Luciane Udovic e Luiz Bassegio, ambos da secretaria continental do Grito dos Excluídos