Já é tempo de soberania alimentar
Nós, Camponeses e Camponesas, Indígenas, Quilombolas, Pescadores e Pescadoras, Trabalhadores e Trabalhadoras integrantes das várias organizações do campo e da cidade e de toda América Latina, reunidos de 25 a 30 de novembro de 2006 no Uruguai, na Oficina de Mulheres e no Fórum Regional - Já é tempo de Soberania Alimentar – rumo a Nyeleni, ao Fórum de Soberania Alimentar, manifestamos que:
1- Conhecemos toda a tragédia em que vive o povo mexicano, berço da origem do milho, frontalmente agredidos em sua identidade, em sua cultura e sustentabilidade de sua vida e do meio ambiente, pela contaminação trangênica de suas variedades de milho e de plantas silvestres.
2- E assim, reconhecemos que esse mesmo risco assombra o povo brasileiro, com a possibilidade da liberação comercial das variedades de milhos trangênicos pela CTN’Bio – Comissão Técnica Nacional de Biosseguança.
3- Atualmente, detectamos que as empresas que pressionam para a liberação dos trangênicos no Brasil são as mesmas que fizeram e fazem desaparecer em nossos países além de muitas sementes, nossa cultura, nossas tradições, costumes e identidades.
4- Acreditamos que o milho simboliza para os povos da terra uma semente sagrada, pois representa uma das espécies básicas para a alimentação humana no mundo.
5- Dessa forma, consideramos inaceitável e repudiável que se permita às empresas como a Bayer, Monsanto, Syngenta, Dupont e outras multinacionais imponham aos povos o que devem plantar, comer e até que doenças devam adquirir, além de que remédios devam tomar. Assim, a soberania dos povos jamais poderá ser vendida, muito menos ser submetida ao capital como mercadoria.
6- Acreditamos no Brasil como uma grande nação de trabalhadores e lutadores, por isso reconhecemos o significado histórico de seu presidente da república, como trabalhador e a sua simbologia para todos/as os/as trabalhadores e trabalhadoras de toda América Latina.
7- Por tudo isso, exigimos que em seu governo impeça a liberação comercial de milho trangênico, como demonstração de seu compromisso com camponeses e camponesas, indígenas, quilombolas, pescadores e pescadoras, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, em fim, com o povo brasileiro, da América Latina e de todo o Mundo.
Paso Severino – Uruguai, 29 de novembro de 2006.
“Sementes, Patrimônio dos Povos ao serviço da Humanidade”