Bolivia: Milhões de indígenas chegam a La Paz

2006-10-05 00:00:00

Com o lema “Da resistência ao poder”, milhares de representantes indígenas do continente se reunirão entre o 8 ao 12 de outubro de 2006, em La Paz (Bolívia) no Encontro Continental de Povos e Nacionalidades do Abya Yala.

Na convocação divulgada em nível nacional e internacional, diz que depois que 514 anos de colonialismo interno e externo, de políticas impostas que apontam à submissão, marginação e extermínio, os povos e descendentes indígenas do Abya Yala, denominado continente americano, nos encontramos de pé e dispostos a construir um futuro melhor.

“As políticas de colonização pertencem à cultura da morte; os povos indígenas, camponeses e originários –junto aos movimentos sociais e populares - defendemos a cultura da vida. O território e a mãe terra (Pachamama) está sendo destruída por interesses diferentes dos nossos, mas nós seremos os vigilantes do futuro da humanidade”, asseguram.

As organizações indígenas asseguram que com o evento se procura a unidade na diversidade. “Por isso, convocamos a todas as organizações, fóruns e instâncias indígenas, sociais e de nossos aliados a que nos unamos para construir uma Pátria Grande”.

“No Abya Yala sopram ventos de mudança. Mudanças profundas e estruturais. Nos solidarizamos com os processos da Bolívia, Cuba e a Venezuela, e também com outros movimentos que começam a construir sistemas solidários e horizontais. Na Bolívia, temos ao Primeiro Presidente Indígena do Continente, companheiro Evo Morales Ayma que, com seu exemplo de luta e compromisso social, político e cultural inspira aos movimentos sociais e populares a seguir esse caminho não só para chegar ao governo mas, para tomar o poder”, diz parte saliente da convocação.

Entre os dias 8 a 12 de outubro se confirmou a presença de mais de mil indígenas de todos os países do continente: chegarão desde os Estados Unidos, o Canadá, a Guatemala, a Nicarágua, Honduras, o Brasil, a Argentina, o Peru, o Equador, a Colômbia, a Venezuela, o Uruguai e outros e participarão de atos transcendentais.

No dia 8, será realizada uma homenagem ao heróico guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara no coliseu do Instituto Americano. No dia 10, todos se seguirão a Tiwanaku e no no último dia será lembrando os 514 anos de colonialismo interno e externo com uma mobilização na praça dos Heróis (São Francisco). O Presidente Evo Morales Ayma participará dos três eventos.

Entre os objetivos do encontro destacam o intercambio entre os povos e nacionalidades do continente, criando pontes de acercamento e solidariedade entre nós e nossos aliados; nossas organizações para defender nossos direitos que tratam de ser avassalados pelo sistema; participar de forma ativa na construção da diplomacia dos povos e, demandar a nossos governos, nosso aporte na Comunidade Andina de Nações (CAN), Confederação Sul-americana e outros organismos internacionais, reforçar o posicionamento de todos os povos indígenas e, sobretudo, do governo boliviano, encabeçado pelo Primeiro Presidente Indígena do Continente Abya Ialá e coordenar e construir uma agenda mínima de ações e atividades dos povos e nacionalidades indígenas frente à política neoliberal e ao sistema.

Entre as organizações que convocam o evento destacam a Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia – CSUTCB, o Conselho Nacional de Ayllus e Markas do Qullasuyo – CONAMAQ (Bolívia), a Federação Nacional de Mulheres Camponesas da Bolívia “Bartolina Cava” – FNMCB-BS, a Federação Sindical de Colonizadores da Bolívia – FSCB, a Confederação de Povos da Nacionalidade Kichwa do Equador – ECUARUNARI, a Confederação Nacional de Comunidades do o Peru Afetados pela Mineração – CONACAMI e a Organização Nacional Indígena da Colômbia – ONIC.

Tradução: Suzane Durães