Um diagnóstico da situação regional da comunicação permitiu constatar que as organizaciones sociais enfrentam, em seus países, uma situação adversa, com poucos espaços de expressão nos meios massivos, e, às vezes, um tratamento de descrédito ou de criminalização das lutas sociais. Ante esta realidade, as organizações camponesas da América Central, integrantes da CLOC-Via Campesina, acordaram em impulsionar um processo de comunicação na região, na dinâmica apoio da Minga Informativa de Movimentos Sociais. O acordo contempla formação, difusão e a formação de uma "Minga" centro-americana, entre outros aspectos.

A Minga Informativa de Movimentos Sociais informa que esta decisão foi a conclusão de uma reunião de dirigentes, juntamente com responsáveis pela comunicação, realizada nos dias 21 e 22 de julho, em Manágua (Nicarágua), sob o lema "Assumendo o desafio da comunicação". O objetivo principal foi definir linhas estratégicas, destinadas a fortalecer a comunicação no movimento camponês.

Os importantes espaços de difusão da realidade centro-americana, desde um enfoque alternativo, que foi possível começar a desenvolver nos anos 80, foram sendo desarticulados nos anos 90, deixando as lutas sociais numa situação de certo isolamento, no contexto latino-americano. Se conta, isso sim, com a solidariedade das rádios comunitárias, cujo desenvolvimento tem sido importante em alguns países da região.

As organizações participantes da reunião reconhecem a necesdidade de um maior desenvolvimento de sua própria capacidade comunicativa, tanto para agilizar os fluxos internos de comunicação com suas próprias bases, como para divulgar sua realidade, visões e propostas para o entorno. Por isso, colocaram ênfase na necessidade de elaborar políticas e estratégias de comunicação.

Como ponto de partida de uma estratégia regional, definiram alguns temas prioritários em torno dos quais cada organização articulará esforços e difundirá conteúdos. Os temas identificados para este primeiro período são: reforma agrária, soberania alimentar e as políticas neoliberais para o campo e suas alternativas.

O acordo de impulsionar uma Minga centro-americana é um dos eixos desta estratégia, animada pelo espírito da "Minga", que em kichwa/quechua (idioma andino) significa trabalho coletivo comunitário. Para dar início à atividade, foi definida uma agenda de atividades das organizações camponesas e movimentos sociais da região, para os próximos meses, cujos pontos incluem o segundo encontro do Movimento Indígena Camponês Mesoamericano (MOICAM), em San Cristóbal, Chiapas, México, de 17 a 20 de novembro próximo; e a III Cúpula Continental dos Povos Indígenas, na Guatemala, de 21 a 26 de março de 2007.

Como apoio a este processo, se acordou iniciar um processo de formação, com um caráter multiplicador, que aponta para contribuir na elaboração de reflexões próprias sobre a comunicação nos movimentos sociais, construir visões e metodologias sobre as políticas e estratégias de comunicação, e a intercambiar e desenvolver capacidades comunicativas.