"Forum de Resistencia ao Agronegocio e o primeiro passo", dizem organizacoes

2006-06-26 00:00:00

Conseguir apontar meios de resistir ao agronegócio em meio a enorme diversidade que compoe os movimentos sociais latino-americanos. Esta foi uma das principais conquistas do Fórum Social de Resistência ao Agronegócio, que terminou neste domingo (25), em Buenos Aires, na Argentina. Cerca de 200 pessoas ligadas a organizacoes camponesas e ambientalistas da Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil, Bolívia, Equador e Peru discutiram, durante três dias, as características do agronegócio nos países latino-americanos, indicando formas de como fazer frente ao avanço devastador deste modelo produtivo.

Maria Rita Reis, integrante da ONG brasileira Terra de Direitos, uma das organizadoras do Fórum, acredita que este foi o primeiro passo dado em busca de uma integraçao de resistencia ao modelo. Para ela, o fato do encontro ter sido propositivo, indicando ações e nao as determinando, reflete a maneira de como os povos estão articulados atualmente. "A gente fala que a América Latina é muito diversa, mas somente vemos que há grandes diferenças na prática. A construção de uma estratégia regional alternativo ao agronegocio depende de entender e respeitar as diferenças entre os povos e, ainda assim, conseguir uni-los. O que nao e nada fácil", argumenta.

A advogada analisa que as diversas formas de como a sociedade se organiza traz, ao mesmo tempo, pluralidade e dificuldades. "A maior parte da resistencia da sociedade civil da America Latina é estruturada em sindicatos, partidos e organizacões não-governamentais. Todas com dinamicas diferentes dos movimentos sociais, que são fortes em alguns paises e nem tanto em outros", relata.

Esta foi a primeira edicao do Fórum Social de Resistencia ao Agronegocio, mas os participantes se comprometeram em dar continuidade, transformando-o em um espaço de articulação. No encontro, ficou encaminhado que cada pais crie uma coordenação local para fortalecer as discussões sobre o assunto e criar redes de organizações, a fim de trazer propostas concretas para um proximo encontro em 2007. Também foi constatada a necessidade de formular material de formação sobre a problemática.

Indicaçoes que Javiera Rulli, do Grupo de Reflexao Rural GRR da Argentina considera positivo, mas insuficiente. "Para o campones, debater o agronegocio e importante, pois o problema sai da teoria e mostra como se desenvolve na pratica, no seu cotidiano. No entanto, precisamos avancar para realmente conseguirmos criar alternativas", defende. Maria Rita acredita que a forma globalizada de como o agronegócio se estrutura e se desenvolve nos países latino-americanos faz com que os povos enxerguem a importância de se unirem para resistir. "Não quero combater o latifundio no Brasil, por exemplo, para que ele domine outros paises. Quero que ele não seja visto como forma de desenvolvimento para nenhum pais latino americano", defende.