Aracruz Celulose destrói Mata Atlântica durante jogo do Brasil
Na sexta-feira (16), camponeses e camponesas do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) pararam 27 tratores da Aracruz, que se preparavam para acabar de destruir a Mata Atlântica, na cabeceira da nascente do córrego Jacutinga, em Linhares, no Espírito Santo.
Enquanto a atenção dos brasileiros está nos jogos da Copa e da propaganda da Aracruz Celulose, que aparece entre os jogos mostrando personalidades como Pelé, o astronauta Marcos Pontes e o o boxeador Popó a empresa destrói a Mata Atlântica. Durante a destruição da floresta, a peça publicitária que era veiculada na televisão tentava mostrar uma “boa imagem” da Aracruz, que esconde os crimes cometidos contra comunidades indígenas, quilombolas e camponesas.
Em apenas 20 minutos, cerca de três hectares de vegetação nativa foram ao chão. O trabalho foi realizado com sete dos 27 tratores que a Aracruz colocou no local para destruir a floresta, onde havia árvores com mais de seis metros de altura. De acordo com o coordenador estadual do MPA, Elias Alves, “a derrubada começou por volta das 14h30”, horário em que os brasileiros estavam atentos ao jogo do Brasil na Copa do Mundo.
Para impedir a derrubada, mulheres, jovens, idosos e portadores de necessidades especiais participaram do ato. Cristina Soprani, da coordenação do MPA, está no nono mês de gravidez e foi uma das pessoas que se colocou em frente às máquinas, pondo em risco sua vida para parar o desmatamento. “Os tratoristas disseram que tinham autorização do Ibama para a derrubada. Pedimos o documento e eles não mostraram. Então, entramos na frente das máquinas e impedimos a destruição”, relata Cristina.
Insatisfeita com os agricultores, a Aracruz enviou a policia militar ao local. Foram duas viaturas, dez policiais militares e quatro jagunços da empresa enviados acabar com a mobilização. Também foram enviados uma ambulância e um caminhão pipa. “A polícia disse que foram chamados para garantir o trabalho da empresa”, conta Elias. A empresa registrou ocorrência contra os agricultores.
De acordo com o superintendente estadual do Ibama, Ricardo Vereza, “a Aracruz informou que em 2001, recebeu do Ibama a autorização para a derrubada. Mesmo que tenha recebido, não poderá derrubar. A área foi embargada e se for comprovado o crime a empresa será autuada e área deverá ser reflorestada”. O superintendente visitará o local amanhã (21).
A Aracruz é uma das maiores empresas do setor de madeira, celulose e papel do mundo. Detém mais de 260 mil hectares de áreas plantadas no Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia. A empresa é proprietária de cerca de 3% do território do Espírito Santo.