Sobreviventes protestam em Eldorado dos Carajás

2006-04-17 00:00:00

Em Eldorado dos Carajás (PA), cinco mil manifestantes se reuniram nesta
manhã para lembrar as vítimas do Massacre e protestar contra a
impunidade. Na curva do S da rodovia PA-150, local da chacina, as
famílias dos acampamentos Lourival Santana e 26 de Março e dos
assentamentos 17 de abril, 1º de Março, Palmares, Canudos e Cabanos
participaram do ato ecumênico celebrado por padres e pastores da região,
com a participação de Dom Tomás Balduíno, da Comissão Pastoral da Terra.

As famílias dos assentamentos Chico Mendes I e II, de Tucuruí, no Pará, e
de assentamentos do Maranhão e de Tocantins também estão presentes. A
rodovia está parcialmente bloqueada pela multidão desde as 10h00.

À tarde estão programadas ações culturais promovidas pelos próprios
assentados, organizados no Acampamento Pedagógico de Jovens do MST, que
desde 1º de abril vem discutindo educação e Reforma Agrária no local. Às
16h00 terá início um ato público contra a impunidade com contribuições de
entidades como o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Federação dos
Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), da CPT, de diversas Pastorais
Sociais e movimentos de direitos humanos de todo o país. João Pedro
Stédile, integrante da Direção Nacional do MST, Flávio Valente, relator
nacional para os Direitos Humanos à Alimentação Adequada, à Água e Terra
Rural da Plataforma DHESCA-Brasil , Socorro Gomes, deputada estadual
(PCdoB-PA) e Bernadete Tencaten, a ex-superintendente do Incra e
dirigente do PT, também participam da mobilização.

Para Flavio Valente, "é inaceitável que os responsáveis pelo Massacre de
Eldorado dos Carajás, inclusive seus mandantes, continuem impunes após
dez anos do acontecimento. O Massacre merece ser relembrado sempre, não
para que nos consternemos com a queda de nossos companheiros e
companheiras, mas para que sua luta inspire e revigore a nossa ação
transformadora cotidiana – inclusive de nós mesmos".

Às 17h30, mesma hora em que ocorreu o massacre dez anos atrás, o tráfego
na rodovia será totalmente interrompido pelos manifestantes. São
esperadas oito mil pessoas no protesto.

Ás margens da rodovia, testemunhas e vítimas da chacina organizaram uma
exposição do fotógrafo Sebastião Salgado e planejam reinaugurar o
Monumento das Castanheiras, criado por Emanuela Souza e do artista
plástico Dan Baron com a colaboração das famílias do assentamento 17 de
abril.