Campanha: Não à violência contra as mulheres do campo

2005-12-05 00:00:00

As mulheres do campo vivem acuadas pelas múltiplas expressões de violência capitalista e
patriarcal, que não só nos relega às mais rudes condições de vida, que em si mesmas
acarretam diversas situações de exclusão, mas que estão cheias de práticas machistas que se
expressam no cotidiano, na casa, na sociedade, nas relações pessoais e políticas, na negação
da validade de nossos conhecimentos e econômica e em muitos outros aspectos.

Na investida de controle territorial e expansão do modelo agro-exportador que veio
acompanhada da militarização do campo, as mulheres enfrentam situações de guerra
cotidiana: a da sobrevivência no campo e de mantimento deste como entidade social e
espaço de vida; a das repercussões diretas e indiretas da violência militar; a da repressão e
até a da violência militar de nossas lutas.

Adicionalmente enfrentamos as violências que são infringidas às mulheres, somente pelo
fato de sê-las: a violência doméstica e sexual, os crimes passionais, as mutilações genitais,
o tráfico sexual, a perseguição, e até o feminicídio. No caso das crianças do campo, além da
perseguição permanente do urbano-centrismo que anula suas projeções de vida, o incesto, o
abuso sexual e as diferentes formas de violências, são partes de uma ameaça cotidiana
contra a dignidade.

Por estes motivos a Via Campesina Internacional faz um chamado de mobilização mundial
para erradicar a violência contra as mulheres do campo como aspecto indispensável para a
criação de um mundo justo e respeitoso dos direitos humanos, pois temos a convicção de
que a igualdade entre os gêneros só poderá se concretizar quando as mulheres possam
participar integralmente em todos os aspectos da sociedade, expectativa que poderá
transformar-se em um contexto livre de violência e repressão.

Por um mundo camponês solidário e livre de violência contra as mulheres.

Globalizemos a luta, globalizemos a esperança.

VIA CAMPESINA INTERNACIONAL