Porto Alegre – O debate sobre a liberdade do conhecimento é
um dos temas principais do 5º Fórum Social Mundial, que
começa nesta quarta-feira (26) em Porto Alegre. Vinte e
dois seminários fazem parte do eixo "Pensamento Próprio,
reapropriação e socialização dos saberes, conhecimentos e
tecnologias" que vai discutir o uso do software livre,
propriedade intelectual, liberdade de criação e inclusão
digital.

"A discussão sobre o software livre traz um debate muito
atual que é a disputa pela propriedade dos bens imateriais.
De um lado, as grandes corporações do software, fonográfica,
cinematográfica e as grandes editoras e, de outro lado, os
que vêem na revolução digital algo positivo, que pode fazer
a cultura, a ciência e a tecnologia chegar à maioria da
população", afirma Marcelo Branco, membro do Projeto
Software Livre. Os programas de computador em software
livre podem ser modificados e reproduzidos gratuitamente
por qualquer usuário.

Para o movimento que defende o uso de programas em código
aberto, a liberdade para reproduzir obras culturais pode
tornar os produtos mais baratos e acessíveis ao consumidor.
Em relação à preservação dos ganhos dos autores, Marcelo
Branco diz que o debate sobre o tema está trazendo novos
modelos de licenciamentos culturais, como o uso do copyleft.

"No mundo digital estamos buscando um novo modelo de gestão
não só da música, para que o artista possa receber pela sua
produção, mas ao mesmo tempo, ampliar acesso para as
populações menos favorecidas", explica o coordenador de
Políticas Digitais do ministério da Cultura, Cláudio Prado.

A discussão sobre software livre e a sociedade da
informação ganhou mais espaço desde a primeira edição do
Fórum, em 2001. Além de ter mais debates, o Conselho
Organizador do FSM orientou pela primeira vez que todos os
computadores do evento utilizassem programa com o código
aberto. O Acampamento da Juventude também construiu esse
ano um Laboratório de Conhecimento Livre para produção de
vídeos e programas de áudio de livre reprodução.

Os principais eventos sobre o tema reunirão personalidades
como o ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o sociólogo e
economista da tecnologia da informação, Manuel Castells.
Outros debates discutirão a relação entre software livre,
educação, juventude e aplicação da tecnologia na gestão de
políticas públicas.

Um desses seminários pretende abordar o uso da tecnologia
da informação sob a ótica de mulheres envolvidas com a
economia solidária. "O software livre é um instrumento de
inclusão digital e as pessoas que estão na economia
solidária estão à margem do mercado de trabalho. A idéia é
fazer os produtos dessas mulheres ganharem visibilidade na
rede. E conectar comunidades distantes que trabalham com a
economia solidária", explica Loimar Vianna, integrante do
Projeto Software Livre e uma das organizadoras do debate.

- Fonte: Agência Brasil Radiobrás