Barlow:

2005-08-09 00:00:00

Ex-compositor da banda The Grateful Dead, sucesso nos anos
1960 e 70, John Perry Barlow se tornou referência no
pensamento sobre direitos de propriedade intelectual na
atualidade. A ponto de fundar a Electronic Frontier
Foundation, instituição que defende a liberdade digital.
Por causa de seus textos e atuação política em prol da
liberdade de informação, Barlow veio ao Fórum Social
Mundial para participar do seminário sobre revolução
digital que aconteceu na manhã deste dia 29 de janeiro.
Após sua fala, conversou rapidamente com jornalistas. Leia
abaixo alguns trechos.

Hoje em dia é difícil encontrar músicas de rock licenciadas
em Creative Commons. Por que isso acontece? O rock poderia
aprender, por exemplo, com o hip-hop?

John P. Barlow - Música é o código aberto original. Não
consigo imaginar como seria escrever uma música sem nunca
ter ouvido uma. Compositores “roubam” de todo mundo. Eu já
peguei coisas de outras pessoas, músicas, palavras,
conceitos. É como as coisas sempre foram. A digitalização
significa que você pode pegar, literalmente, o trabalho de
outras pessoas e colocá-lo em sua arte.

Em relação ao VoIP, qual sua opinião sobre empresas que
vetam seu uso, como acontece no Brasil?

John P. Barlow - Eles não entendem o que estão vendendo:
estão vendendo bytes, logo não faz diferenca se é voz ou
dados. Eles precisam superar o antigo modelo e, o quanto
mais rápido fizerem isso, mais rápido perceberão que há uma
demanda por banda larga, que será aumentada por pessoas que
utilizam VoIP. Todas as companhias telefônicas tradicionais
estão tentando bloquear esse sistema. É uma batalha perdida
e estúpida.

O sucesso do Ipod e do modelo de vendas via I-tunes pode
estimular o uso de downloads e, por conseqüência, o uso
gratuito de downloads?

John P. Barlow - Claro que pode. As pessoas se acostumam a
fazer downloads comerciais e em seguida não-comerciais. A
vantagem do I-tunes é a possibilidade de se obter a íntegra
da música que você deseja, o que é difícil conseguir nas
redes P2P e as pessoas estão dipostas a isso. Considero seu
modelo de preço errado porque a maior parte do dinheiro
continua indo para as gravadoras, que não estão fazendo
muito hoje em dia.

Outras gravadoras podem aderir a esse modelo?

John P. Barlow - Claro que sim. Esse é um período curto de
transição para uma era em que toda música será distribuída
online, assim como os vídeos. É tudo uma questão de largura
de banda e de modelo de negócios apropriado.