A curva do S agora é patrimônio do Pará
Lei reconhece como patrimônio histórico e cultural do estado o local onde aconteceu “Massacre de Eldorado do Carajás”
Na quarta-feira (22), o governador do Estado do Pará, Helder Barbalho (MDB), sancionou a lei que declara e reconhece como patrimônio histórico e cultural do estado do Pará a “Curva do S”, local em que ocorreu o episódio conhecido como “Massacre de Eldorado do Carajás”.
O projeto de lei foi aprovado no último 16 de abril pela assembleia legislativa durante a Jornada de Lutas por Reforma Agrária, realizada pelo Movimento dos Sem Terra (MST). Os trabalhadores e trabalhadoras saíram em marcha pela capital para acompanhar a sessão de votação e em memória vítimas da chacina ocorrida em 17 de abril na curva “S”, no município de Eldorado do Carajás, em 1996.
De autoria do Deputado Dirceu Ten Caten (PT), a Lei nº 8.856/2019 garante a proteção do espaço da ‘Curva do S” para destinação de manifestações artísticas e culturais, preservando a sua história como contribuição para evitar que outros atos dessa natureza aconteçam novamente.
Para Ayala Ferreira, do MST no Pará este é um reconhecimento que se soma aos esforços que o Movimento. “Já estamos algum tempo na construção desse reconhecimento da curva do “S” como espaço sagrado dos camponeses na luta pela terra e pela reforma agrária, principalmente em um região tão marcada pela violência e pela negação dos direitos humanos” afirma.
Há 14 anos, a Juventude Sem Terra realiza um acampamento pedagógico em memória aos mártires com a realização de atos políticos, atividades culturais e celebrações religiosas com padres, pastores e diversos defensores e defensoras dos direitos humanos.
“O que fazemos na curva do S tem o propósito de mantermos viva e presente a memória dos que tombaram carregando esse sonho de liberdade da terra e reforma agrária. Neste sentido, vejo que reconhecimento dado pelo estado do Pará é um marco importante e que será inscrito no capítulo da história de 23 anos do massacre de Eldorado do Carajás” declara Ferreira.
Pelo direito de viver no Campo
O reconhecimento da Curva do S representa uma pequena vitória para aqueles que lutam contra grandes empreendimentos do capital na região, além de representar institucionalmente o povo Sem Terra e mostrar que a luta do povo não se apaga.
“Esse reconhecimento se soma aos nossos esforços em continuarmos existindo e (re)existindo num espaço geográfico que todo dia se transforma para dar lugar e acesso aos empreendimentos do capital em nossa região, a partir de estradas, ferrovias, portos e postos de abastecimento. Esses empreendimentos destroem comunidades e memórias coletivas da luta, mas jamais poderão dizer que vieram e não houve resistência dos que aqui viviam”, finaliza.
27 de maio de 2019
(Editado por Fernanda Alcântara)