Brasil: Marcha unitária reúne 15 mil pela Esplanada dos Ministérios

2011-08-24 00:00:00

A partir das 10h, cerca de 15 mil pessoas marcham hoje diante de uma pauta de reivindicações que une o conjunto da classe trabalhadora. Os quatro mil camponeses da Via Campesina, acampados desde esta segunda no estacionamento do ginásio Nilson Nelson, somam-se ao protesto que percorrerá toda a Esplanada dos Ministérios.
Os principais pontos da plataforma política são a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no orçamento federal para educação pública e gratuita e a mudança de modelo agrícola, com a proibição da utilização de agrotóxicos e a realização da Reforma Agrária.
“Viemos cobrar do Governo e do Congresso Nacional a concretização de todas estas pautas que são direito dos trabalhadores do campo e da cidade. Essa unidade é uma importante demonstração de força do conjunto da classe trabalhadora brasileira vem às ruas contra esse modelo econômico que privilegia os bancos e o agronegócio”, disse João Paulo Rodrigues, integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina.
Veja uma pequena síntese dos principais pontos da plataforma política:
Redução da jornada de trabalho sem redução salarial
A redução da jornada de trabalho, que deve ser votada neste ano na Câmara dos Deputados, é um dos instrumentos que possibilita aos trabalhadores participarem da distribuição dos ganhos de produtividade gerados pela sociedade. Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais teria o impacto potencial de gerar mais de 2,2 milhões novos postos de trabalho no país.
10% do PIB para Educação
Os movimentos sociais, entidades do movimento educacional (professores, estudantes e funcionários) e as centrais sindicais fazem uma campanha para que o Plano Nacional da Educação (PNE), em discussão na Câmara do Deputados, garanta a destinação de 10% do PIB para educação. O Conselho Nacional da Educação (CNE) sugeriu, em maio, que a meta do investimento público em educação corresponda a 10% do PIB do país, ao contrário dos 7% propostos inicialmente pelo Ministério da Educação (MEC). Atualmente, o Brasil aplica cerca de 5% do PIB na área.
Novo modelo agrícola, proibição dos agrotóxicos e Reforma Agrária
O Brasil precisa de um novo modelo agrícola, baseado na agricultura familiar e camponesa, que fixe as pessoas no meio rural, garanta terra, gere emprego e renda. Para isso, os movimentos defendem a desapropriação dos grandes latifúndios improdutivos (muitos em mãos do capital estrangeiro) para distribuir para assentamento de milhares de famílias acampadas. Além disso, uma nova política de crédito rural, mais acessível aos pequenos agricultores. O modelo do agronegócio é o jeito das grandes empresas estrangeiras controlarem a produção e o comércio agrícola, dos bancos ganharem dinheiro, em aliança com os grandes proprietários de terra e apoiados pela mídia. Ele concentra a produção, a propriedade da terra, expulsa os trabalhadores do campo, só produz para exportação, usa de forma intensiva máquinas e venenos que desequilibram o ambiente, fazendo do Brasil o maior consumidor mundial de venenos.