Ação da Marcha Mundial de Mulheres começou ontem, em ato de lançamento no centro de Campinas

2010-03-10 00:00:00

Hoje, 9/3, as três mil mulheres que participam da 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres chegam à cidade de Valinhos. Elas saíram por volta das 6 horas da manhã do ginásio Rogê Ferreira, em Campinas, onde ficaram alojadas após o ato de lançamento, que aconteceu no Largo do Rosário.
 
O ato contou com a presença das delegações de 25 estados que vieram para a Marcha. Houve apresentações musicais, batucadas e falas sobre os 100 anos do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.
 
Em Valinhos, as marchantes ficarão alojadas no Parque do Figo. Na tarde de hoje, participarão de discussões sobre os temas: Trabalho doméstico e de cuidados: um debate sobre a sustentabilidade da vida humana e história da Marcha Mundial das Mulheres e suas lutas.
 
3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres
 
Entre os dias 8 e 18 de março, a Marcha Mundial das Mulheres organiza sua 3ª Ação Internacional no Brasil. Neste período, 3 mil mulheres de todas as regiões do país farão uma caminhada entre dez cidades, de Campinas a São Paulo, para dar visibilidade à luta das mulheres brasileiras e reivindicar mudanças em suas vidas.
 
A Ação começou no Dia Internacional das Mulheres (8/3), em um grande ato público no Largo do Rosário, no centro de Campinas, e termina em São Paulo, no dia 18, em um ato na Praça Charles Miller.
 
O lema das mobilizações é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e suas reivindicações se baseiam em quatro campos de ação: autonomia econômica das mulheres; bens comuns e serviços públicos; paz e desmilitarizaçã o; e violência contra as mulheres.
 
Esta Ação faz parte de uma grande mobilização internacional que vai até o dia 17 de outubro. Estão programadas atividades em 51 países, entre eles Canadá, Colômbia, França, Espanha, entre outros. O encerramento será em Kivu do Sul, na República Democrática do Congo.
 
Trajeto e programação
 
A marcha passará por dez cidades paulistas: Campinas, Valinhos, Vinhedo, Louveira, Jundiaí, Várzea, Cajamar, Jordanésia, Perus e Osasco.
 
Além da caminhada pela manhã, no período da tarde as mulheres participarão de atividades de formação sobre diversos temas, entre os quais: trabalho doméstico; saúde da mulher e práticas populares de cuidado; sexualidade, autonomia e liberdade; educação não sexista e não racista; economia solidária e feminista; soberania alimentar, reforma agrária e trabalho das mulheres no campo; agroecologia; biodiversidade, energia e mudanças climáticas; políticas de erradicação da violência doméstica e sexual; tráfico de mulheres e direito ao aborto (veja a programação completa abaixo). As atividades de formação serão conduzidas pelas próprias marchantes.
 
Durante o trajeto está previsto um ato público na cidade de Várzea (13/3), em que será lançado um livro sobre o histórico do dia 8 de março. As mulheres também promoverão panfletagens, batucada e demais intervenções junto à população das cidades por onde passarão.
 
A Ação contará ainda com duas participações especiais. No dia 11, em Louveira, a feminista brasileira, radicada na França, Helena Hirata, debate o trabalho das mulheres e a autonomia econômica. E em Perus, no dia 16, Aleida Guevara, médica cubana e filha de Ernesto Che Guevara, fala sobre paz e desmilitarizaçã o.
 
Números e equipes
 
Participam da marcha 3 mil mulheres vindas de 25 estados: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, GO, MA, MG, MS, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RO, RR, RS, SC, SE, SP e TO. São várias delegações em cada estado, contando também com mulheres de diversos movimentos sociais como MST, CUT, Contag, Consulta Popular, UNE, MAB e MMC.
 
A Marcha será construída integralmente pelas mulheres, que serão divididas em equipes de cozinha, limpeza, infra-estrutura, segurança, comunicação, formação e cultura, saúde, água e creche. A cozinha será fixa e o transporte das três refeições será feito por caminhões. Além das equipes, as delegações se revezarão para os trabalhos de limpeza dos alojamentos e cozinha.
 
As mulheres ficarão alojadas em ginásios e tendas (veja a localização dos alojamentos abaixo) e chegarão marchando às cidades.
 
Serão utilizados 50 mil litros de água potável e consumidas uma tonelada de feijão, duas de arroz, uma de carne moída, além de outros alimentos como macarrão, legumes e frutas.
 
Reivindicações e plataforma política
 
As reivindicações da Ação estão baseadas em quatro eixos que concentram temas chave para a vida das mulheres em todo o mundo. São eles: autonomia econômica das mulheres; bens comuns e serviços públicos; paz e desmilitarizaçã o; e violência contra as mulheres.
 
Esses eixos foram adaptados à realidade das mulheres brasileiras e deram os contornos da plataforma de reivindicações que será apresentada à sociedade a ao Estado durante a marcha. Entre elas está a criação de aparelhos públicos que liberem as mulheres do serviço doméstico, a não privatização de nossos recursos naturais, o aumento do salário mínimo, o fim de todas as formas de violência contra a mulher, a realização da reforma agrária e a legalização do aborto.
 
A marcha também pretende demonstrar sua solidariedade à população do Haiti após o terremoto que atingiu o país em janeiro. Haverá coleta de contribuições para a reconstrução da ação das mulheres da Marcha no Haiti e do movimento feminista do país.
 
 
Sobre a Marcha Mundial das Mulheres
 
A Marcha Mundial das Mulheres nasceu em 2000 como uma grande mobilização contra a pobreza e a violência. Naquele ano, as ações começaram justamente em 8 de março e terminaram em 17 de outubro (Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza), organizadas a partir do chamado “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista”.
 
A inspiração para a criação da Marcha partiu de uma manifestação realizada cinco anos antes (em 1995), no Canadá. Na ocasião, 850 mulheres marcharam 200 quilômetros, pedindo, simbolicamente, “Pão e Rosas”. A ação marcou a retomada das mobilizações das mulheres nas ruas, fazendo uma crítica contundente ao sistema capitalista como um todo. Ao seu final, diversas conquistas foram alcançadas naquele país, como o aumento do salário mínimo, mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia solidária.
 
 
Histórico de ações internacionais
 
A Marcha Mundial das Mulheres já realizou duas ações internacionais, em 2000 e 2005. A primeira contou com a participação de mais de 5 mil grupos de 159 países e territórios. No ano de lançamento da Marcha, as militantes entregaram à Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, um documento com 17 pontos de reivindicação, apoiado por cinco milhões de assinaturas.
 
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A segunda ação mundial, em 2005, novamente levou milhares de mulheres às ruas. A Marcha construiu a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, em que expressa sua visão das alternativas econômicas, sociais e culturais para a construção de um mundo fundado nos princípios da igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade entre os povos e seres humanos em geral, com respeito ao meio ambiente e à biodiversidade. De 8 de março a 17 de outubro daquele ano, as feministas construíram uma grande Colcha Mosaico Mundial de Solidariedade, composta por um retalho de cada país. Tanto a carta quanto a colcha viajaram por 53 países e territórios dos cinco continentes.
 
 
Mais informações sobre a Ação de 2010 da MMM
 
 www.sof.org. br/acao2010