Mulheres em mais de 40 países vão às ruas em ação internacional ao longo de 2010

2010-02-10 00:00:00

A Terceira Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres se realizará de 8 de março a 17 de outubro e terá momentos descentralizados (nos países), regionais e um ato internacional de encerramento na República Democrática do Congo
 
Em 2010, a Marcha Mundial das Mulheres estará nas ruas nos quatro cantos do planeta - África, Américas, Asia/Oceanía, Europa – para realizar sua Terceira Ação Internacional. Uma vez mais, o movimento vai expressar a força das mulheres organizadas de forma coletiva, com distintas experiências, culturas políticas e origens étnicas, mas com uma identidade e objetivos comuns: o desejo de superar a injusta ordem atual, que provoca violência e pobreza, e construir outro mundo, baseado nos valores de paz, justiça, igualdade, liberdade e solidariedade. 
 
Sob a palavra de ordem “Seguiremos em Marcha até que todas sejamos livres!”, a Terceira Ação Internacional se realizará ao longo de um período que começa com o Dia Internacional das Mulheres (8 de março) e termina com o Dia Internacional pela Eliminação da Pobreza(17 de outubro). As atividades serão organizadas em dois momentos principais:
 
-          O primeiro, de 8 a 18 de março, com marchas e mobilizações nacionais simultâneas de diferentes tipos, formas, cores e ritmos, que também marcarão o centenário da Declaração do Dia Internacional das Mulheres, proposto pelas delegadas presentes na 2ª Conferencia Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhague em 1910. (ver abaixo).
 
-          O segundo, entre 7 e 17 de outubro, com marchas e ações simultâneas nos países e uma forte mobilização internacional em Sud Kivu, na Republica Democrática do Congo, como uma forma de expressar solidariedade internacional a mulheres em situações de guerra e fortalecer o protagonismo das mulheres na resolução dos conflitos armados. Esse ato marcará o fechamento da Terceira Ação Internacional da MMM.
 
Para inaugurar a ação de 2010, alguns países estão preparando marchas e mobilizações durante o período entre o 8 e o 18 de março ou durante vários dias nesse mesmo período, chamando atenção para a situação de violência em que vivem as mulheres e também para suas demandas por um mundo mais justo. Esse é o caso do Brasil, onde cerca de 3.000 mulheres marcharão por 10 dias de Campinas até São Paulo. Também no Paquistão, onde ocorrerão marchas e seminários descentralizados entre o dias 12 e o 18 de março, em diferentes distritos como Faisalabad, Toba Tek Singh, Gojra, Gujranwala, Shaikhupora, Kasur e Lahore. No Sri Lanka, a marcha acontecerá entre as cidades de Thalahena y Marawila, entre o 8 e o 11, e depois do 15 ao 18 de março. No Mali, marchas descentralizadas acontecerão nos seis distritos da capital, Bamako, entre os dias 8 e 15 de março. Essas ações culminam com a organização de uma marcha no dia 18 na região Norte do país, marcada por conflitos militares. Já no Quênia, as atividades vão acontecer do 8 ao 18, e vão incluir marchas e eventos culturais, como espetáculos de rua, vigílias e visitas a comunidades. ´
 
Manifestações para celebrar os 100 anos do Dia Internacional das Mulheres e o início da Ação Internacional em diversas cidades na África do Sul, Argélia, Argentina, Bangladesh, Béglica, Bolívia, Burkina Faso, Camarões, Canadá, Chile, Coréia do Sul, Cuba, Filipinas, França, Galícia, Grécia, Guatemala, Índia, Inglaterra, Itália, Japão, Macedônia, México, Moçambique, Nepal, Nova Caledônia, País Basco, Peru, Portugal, Quebec, Saara Ocidental, Sudão, Suíça e Turquia.
 
Em outubro, no Québec, já está em preparação uma marcha de cinco dias, entre o 12 e o 17 de outubro, que termina em Rimouski, no Bas Saint-Laurent. Outros países também realizarão ações em outros meses do ano, particularmente entre o 11 de junho e o 11 de julho, com protestos contra a promoção da indústria da prostituição durante a Copa Mundial de Futebol na África do Sul.
 
No mundo todo, estão sendo preparadas mobilizações em torno das demandas e compromissos dos quatro campos de ação da MMM: Bem comum e serviços públicos, Paz e desmilitarização, Autonomia econômica das mulheres e Violência contra as mulheres.
 
“Nosso desafio é tocar em temas difíceis como tráfico de mulheres nos Balcãs, bases militares na Colômbia ou a quem de fato servem as missões militares da Organização das Nações Unidas em um contexto de criminalização da pobreza e da luta social”, conta Miriam Nobre, coordenadora do Secretariado Internacional da MMM.
 
Momentos continentais
 
Além destes dois grandes períodos de ação, ações regionais, reunindo mulheres de diversos países de um mesmo continente, vão ser realizados na Ásia/ Oceania, Europa e nas Américas.
 
Na Ásia e Oceania, as coordenações nacionais da MMM se reunirão entre os dias 12 e 14 de maio em Quezon City, Filipinas. Esse será um momento para, além de fazer um balanço das mobilizações e aprofundar o debate sobre os quatro campos de ação da MMM, realizar uma mobilização de rua em torno à luta contra o tráfico de mulheres, o livre comércio, a militarização e as mudanças climáticas.
 
A ação européia da MMM se realizará em 30 de junho, em Istambul, Turquia, um dia antes do início do Fórum Social Europeu (de 1 a 4 de julho), mas de forma independente deste evento. Planos para o dia de ação prevêem a realização de uma marcha, discussões em plenária e oficinas em torno dos quatro campos de ação com apresentações das lutas das mulheres turcas e curdas. Estão previstas, também, ações junto à mídia.
 
A ação regional na Américas será marcada por um encontro de mulheres contra a guerra e pela paz, entre os dias 16 e 23 de agosto, na Colômbia. O Encontro contará com três momentos: começará com uma ação humanitária internacional em diferentes regiões do país, seguido do encontro de mulheres na cidade de Bogotá e encerrando com uma ação política pública de mobilização e vigília pela vida e soberania. Convocado pelo Movimento Social de Mulheres contra a Guerra e pela Paz e pela Marcha Mundial das Mulheres, o objetivo do encontro é refletir e atuar sobre a situação crítica de conflito social e armado em que vivem os povos das Américas e, em particular, da Colômbia. Tal situação afeta o território, a soberania e, de maneira particular, a vida, a autonomia e o corpo das mulheres, que sofrem os abusos sociais, psicológicos, econômicos e físicos da guerra.  
 
África: mobilização internacional encerra a ação de 2010
 
A mobilização de encerramento da Terceira Ação Internacional ocorrerá entre os dias 14 e 17 de outubro em Bukavu, na província do Kivu do Sul, na República Democrática do Congo. O ato terá a presença de uma delegação internacional de 500 mulheres, formada principalmente por mulheres do continente africano, mas também de mulheres de outros países em conflito no mundo. Além de dois dias de painéis em torno dos quatro campos de ação da MMM, o encerramento contará com um dia de feira de soberania alimentar e um dia de manifestação de rua das mulheres, contra a guerra e pela paz. As atividades incluem o plantio de árvores e a inauguração de um memorial em honra às mulheres vítimas de violência em RDC, particularmente às mulheres enterradas vivas no território de Mwenda (Kasika).
 
 
 
 
 
A história esquecida do Dia Internacional das Mulheres
 
Na primeira etapa da Terceira Ação Internacional, a Marcha Mundial das Mulheres quer recordar-se da história do Dia Internacional das Mulheres, que hoje se comemora no 8 de março, e cujo sentido de luta pela emancipação é secundário frente à comercialização ao redor de sua celebração. Tradicionalmente, vincula-se o 8 de março a uma greve e/ou a um incêndio que se supõe ter ocorrido em uma fábrica têxtil, em Nova Iorque, onde trabalhavam mulheres, em 1857 ou em 1908. Mas quando se investiga suas origens com profundidade, descobre-se a história de todo um período de luta feminista por direitos econômicos e trabalhistas, assim como o direito ao voto nos Estados Unidos e em outros lugares.
 
Foi em 1910, em Copenhague, Dinamarca, durante a II Conferência Internacional Socialista de Mulheres, onde Clara Zetkin – socialista e feminista alemã – propôs a criação de um Dia Internacional das Mulheres, anual, seguindo o exemplo das mulheres socialistas estadunidenses, as quais desde 1908, organizavam anualmente um Dia Nacional das Mulheres (demandando igualdade econômica e política, incluindo o direito ao voto para as mulheres, denunciando a exploração das trabalhadoras, etc).
 
De 1911 em diante, o Dia das Mulheres se tornou internacional, apesar de ter sido celebrado em diferentes datas, em diferentes países, em diferentes anos… A principal referência ao 8 de março é a greve geral encabeçada pelas trabalhadoras russas contra a fome, a guerra e o czarismo de 23 de fevereiro de 1917 no calendário russo (8 de março no calendário gregoriano). Nesse dia, desafiando ordens partidárias, trabalhadoras têxteis deixaram as fábricas e foram para as ruas, desta forma se deu início às ações revolucionarias que culminaram na vitoriosa revolução russa (como a reconhecem Kollontai, Trotsky e outros).
 
Documentos de 1921 da Conferência Internacional das Mulheres Comunistas se referem a uma participante búlgara que propôs o 8 de março como data oficial para o Dia Internacional das Mulheres, em memória à iniciativa das mulheres russas. E, por isso, de 1922 em diante, o Dia Internacional das Mulheres se celebra oficialmente em 8 de março, continuando o ciclo da participação ativa e persistente das mulheres na luta pela transformação social.
 
Para saber mais:
- Cote, Renée (1984) La Journée internationale dês femmes ou les vrais dates des mystérieuses origines du 8 de mars jusqu'ici embrouillés, truquées, oubliées : la clef dês énigmes. La vérité historique. Montreal: Les éditions du remue ménage.
- SOF (2000) 8 de marzo - Día Internacional de la Mujer: en búsqueda de la memoria perdida. Texto
disponível em: (http://www.marchemondiale.org/actions/2010action/origen8marzo/es)
 
Agendamento de entrevistas
 

Ana Maria Straube (contato com a Marcha Mundial das Mulheres no Brasil): +55 (11) 3819-3876. Email: anamaria@sof.org.br Site da ação da MMM no Brasil: www.sof.org.br/acao2010
Alessandra Ceregatti (Secretariado Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, para contato com Comitê Internacional e coordenações nacionais em outros países): +55 (11) 3032-3243 (Email: comunicacao@marchemondiale.org). Site da ação internacional da MMM: www.mmm2010.info