A Crise do Capital e as consequências para a classe trabalhadora
Ao longo dos anos, no Brasil especialmente após a entrada massiva de agrotóxicos, ocasionando mudanças na matriz de produção, especialmente nos anos 60, as crises vêm influenciando no processo de exclusão e criminalização de camponesas e camponeses e reduzindo o numero de pessoas no campo e conseqüentemente as pessoas para o trabalho na terra.
O Sistema produtivo do agronegócio implantado neste período criou a necessidade cada vez maior de se precisar de capital para se produzir, utilizando venenos, comprando as sementes e perdendo a autonomia camponesa, fruto de milhares de anos de vivencias e construções até mesmo coletivas.
Além disso, se aplaca toda uma violência simbólica, onde tudo que se fazia era considerado atrasado e o que se propunha era moderno. Ainda, há uma mudança técnica significativa, reutilizando produtos utilizados na segunda Guerra Mundial.
Com isso, há um uso sem precedente da irrigação, desencadeando ou acelerando processos de erosão no solo, saturou a água, se constitui uma dependência do mercado, com subordinação ao capital, as plantas são produzidas com mais venenos, gerando aumento nas doenças como o câncer e depressão e desestabilizando relações sociais locais.
Ainda, este processo trouxe como conseqüências o uso irracional da terra e da biodiversidade de modo geral, êxodo rural e exploração cada vez maior do trabalho das mulheres.
Desta forma, afirmamos que o capitalismo e os processos utilizados por ele são responsáveis pelo aquecimento global, que traz consequências diretas na produção de alimentos e também pela crise que se vive hoje, que não é apenas uma crise econômica, mas de um sistema de sociedade.
As pessoas vítimas destas interferências vão para as cidades engrossar o amplo cinturão de desempregados e miseráveis. Segundo a Organização Internacional do Trabalho a previsão é que 40 milhões de trabalhadores percam seus empregos durante esta crise. Desses números 22 milhões serão mulheres. Além disso se precariza o trabalho, se intensifica – o e se tenta flexibilizar direitos até então conquistas da classe trabalhadora.
Decorrente disso há o aumento da prostituição, da exploração sexual e do turismo sexual, intensificando-se cada vez mais, embora muitas vezes passam despercebidos aos olhos da sociedade.
A prostituição é um ato de violência praticado contra as mulheres. Nesta perspectiva vemos milhares de pessoas sendo exploradas, mercantilizando seu corpo como se fosse um mero produto que está sendo comercializado.
Assim, afirmamos que o capitalismo realiza um efeito dominó e todas as suas praticas produtivas vão levando a muitas consequências para o povo.
Por isso, afirmamos que é necessário e urgente ir se construindo um outro modelo de sociedade baseado em novos valores que valorizem a vida e a natureza como um todo.
Desta forma, o Brasil vai às ruas no dia 14 de agosto. Os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade unidos contra a crise e as demissões, por emprego e melhores salários, pela manutenção dos direitos e pela sua ampliação, pela redução das taxas de juros, na luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, pela reforma agrária e urbana e em defesa dos investimentos em políticas sociais.
A crise da especulação e dos monopólios estourou no centro do sistema capitalista mundial, os Estados Unidos da América, e atinge todas as economias. Lá fora - e também no Brasil -, trilhões de dólares estão sendo torrados para cobrir o rombo nas multinacionais, em um poço sem fim. Mesmo assim, o desemprego se alastra, podendo atingir mais de 50 milhões de trabalhadores.
No Brasil, a ação nefasta e oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale do Rio Doce, CSN e Embraer, levou à demissão centenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras.
O Governo Federal, que injetou bilhões de reais na economia para salvar os bancos, as montadoras e as empresas de eletrodomésticos (linha branca), tem a obrigação de exigir a garantia de emprego para a classe trabalhadora como contrapartida à ajuda concedida.
O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultado de um sistema que entra em crise periodicamente e transforma o planeta em uma imensa ciranda financeira, com regras ditadas pelo mercado. Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a Classe Trabalhadora pague pela crise.
A precarização, o arrocho salarial e o desemprego prejudicam os mais pobres. Nas favelas e periferias. É preciso cortar drasticamente os juros, reduzir a jornada de trabalho sem reduzir salários, acelerar a reforma agrária e urbana, ampliar as políticas em habitação, saneamento, educação e saúde, e medidas concretas dos governos para impedir as demissões, garantir o emprego e a renda dos trabalhadores.
Com este espírito de unidade e luta, vamos realizar, em todo o país, grandes mobilizações.
NÃO ÀS DEMISSÕES! PELA RATIFICAÇÃO DAS CONVENÇÕES 151 E 158 DA OIT! REDUÇÃO DOS JUROS! FIM DO SUPERÁVIT PRIMÁRIO!
REDUÇÃO DA JORNADA SEM REDUÇÃO DE SALÁRIOS E DIREITOS!
REFORMA AGRÁRIA E URBANA, JÁ! FIM DO FATOR PREVIDENCIÁRIO!
EM DEFESA DA PETROBRÁS E DAS RIQUEZAS DO PRÉ-SAL!
POR SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA!
POR UMA LEGISLAÇÃO QUE PROÍBA AS DEMISSÕES EM MASSA!
PELA CONTINUIDADE DA VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO-MÍNIMO
E PELA SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL AOS POVOS!
Organizadores:
VIA CAMPESINA, CGTB, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, NCST, UGT, INTERSINDICAL, ASSEMBLÉIA POPULAR, CEBRAPAZ, CMB, CMP, CMS, CONAM, FDIM, MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES, MTL, MTST, MTD, OCLAE, UBES, UBM, UNE, UNEGRO/CONEN, CNTE, CIRCULO PALMARINO.