REBRIP rechaça o Golpe Militar em Honduras
A confirmação no dia de ontem de um golpe militar em Honduras, com o sequestro e translado ao exterior do presidente legitimamente eleito, Sr. Manuel Zelaya, nos remete na América Latina a um passado que gostaríamos de ver definitivamente afastado, mas que insiste em seguir tentando se manter vivo – o da truculência militar contra os poderes instituídos e a sociedade organizada.
Uma preliminar importante no caminho da integração dos povos é a sua possibilidade de organização e debate da sociedade em um ambiente democrático e livre. Esse princípio está sendo violado pelo golpe de Estado capitaneado pelos militares em Honduras. O estopim para o golpe foi exatamente uma consulta democrática ao povo hondurenho sobre o redesenho da institucionalidade do país. Os líderes políticos e sociais comprometidos com a realização da consulta estão hoje em Honduras sob ameaça de repressão e prisão, e esse quadro deve ser denunciado.
Em um quadro de integração regional, como o que vem sendo desenhado em especial com a Cúpula de chefes de Estado latino-americanos e caribenhos, em dezembro do ano passado, em Salvador, Bahia, a Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, e a reunião da OEA, em San Pedro Sula, na própria Honduras, ambas esse ano, ou com o processo de integração em curso através da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas, da qual Honduras faz parte), os acontecimentos de ontem em Tegucigalpa são intoleráveis. É preciso não apenas que os governos se manifestem, mas que tomem medidas duras que sinalizem o isolamento político do processo que é levado adiante pelos golpistas de Honduras, não reconhecendo o governo resultante do golpe, e mantendo seu reconhecimento ao legítimo presidente do país, que se encontra hoje fora de Honduras, Sr. Manuel Zelaya.
Como rede brasileira, demandamos do governo brasileiro, e dos demais governos latino-americanos e das Américas, que contribuam fundamentalmente para a asfixia política dos golpistas hondurenhos, através de manifestações e ações nacionais e no âmbito das instâncias regionais existentes. Ainda deve ser cobrado da Comunidade Internacional que não reconheça e não negocie com os golpistas hondurenhos a qualquer título, o que implicaria o reconhecimento político de um governo oriundo da violência contra a institucionalidade e uma afronta às instituições democráticas da região. Nesse sentido, denunciamos também a repressão e exigimos a segurança da população.
A REBRIP – Rede Brasileira pela Integração dos Povos - manifesta seu veemente protesto contra o golpe de Estado em Honduras, manifesta sua solidariedade ao povo hondurenho, aos militantes sociais ameaçados e ao presidente legítimo, Sr. Manuel Zelaya, e exige que o governo brasileiro não apenas mantenha sua condenação ao golpe, mas que coloque todo seu esforço diplomático para viabilizar o isolamento político dos golpistas e a reversão da situação de quebra da institucionalidade decorrente do golpe militar que teve lugar ontem.
Brasil, 29 de junho de 2009