Marcha Mundial das Mulheres:
Atividades do 8 de março no Brasil
A semana do 8 de março, dia internacional de luta das mulheres, foi marcada por diversas manifestações, no Brasil e no mundo.
No Brasil, as manifestações estaduais e municipais se organizaram a partir de eixos específicos, mas tiveram em comum a luta pela legalização do aborto, contra o capitalismo patriarcal e a violência contra as mulheres.
Confira as notícias enviadas pelos comitês estaduais da MMM no Brasil.
Em São Paulo, mais de 5 mil mulheres tomaram as ruas em uma manifestação organizada por mais de 60 entidades. Foi um ato estadual, que contou com a presença organizada de municípios do interior.
O eixo “Nós não vamos pagar por essa crise! Mulheres livres! Povos soberanos!” organizou a manifestação, que formou alas contra o capitalismo patriarcal, pela igualdade de todas as mulheres, por autonomia e liberdade, e contra as guerras, expressando a solidariedade feminista.
A fuzarca feminista, batucada paulista da Marcha Mundial das Mulheres, expressou em diferentes ritmos e palavras de ordem o conteúdo da luta das mulheres esse ano. Utilizou em todo o trajeto aprendizados que foram possíveis com o intercambio entre as batucadas, no FSM.
As mulheres denunciaram, também, a criminalização das mulheres que realizam aborto. Esse foi o tom do ato final, no monumento às bandeiras, no Ibirapuera.
Humilhadas, discriminadas, presas, indiciadas, mortas, violentadas. Cartazes identificaram uma série de conseqüências que as mulheres sofrem devido à criminalização do aborto. As falas denunciaram, também, as movimentações de setores conservadores do Congresso Nacional, na tentativa de instalar a CPI do aborto. O objetivo explícito da CPI é investigar o comércio de medicamentos abortivos e as clínicas clandestinas. Mas o movimento de mulheres denuncia que essas investigações sobre a clandestinidade do aborto resultarão em mais criminalização das mulheres, especialmente as negras e pobres, que enfrentam situações mais precárias.
As mulheres de Minas Gerais realizaram atos em várias cidades.
Em Belo Horizonte a manifestação aconteceu no dia 6 de março e reuniu cerca de 200 mulheres com o eixo “Contra a violência do capital e do Estado patriarcal”. Organizado por mulheres do campo e da cidade, do movimento sindical e partidos políticos, a manifestação contou com intervenções culturais e, mesmo debaixo de chuva, as mulheres seguiram por toda a tarde, animadas, com faixas e palavras de ordem.
A batucada também esteve presente e, durante o trajeto, foram realizadas paradas em pontos de protesto: a Igreja São José, a Prefeitura, o Tribunal de Justiça e o supermercado Carrefour.
Em Viçosa, a manifestação foi no sábado, 7 de março. O ato teve como eixo a luta em defesa da vida das mulheres e pelo fim da violência contra a mulher. As mulheres se concentraram na tradicional feira de Santa Rita, e a marcha percorreu os principais pontos comerciais da cidade. Ao final, na Praça central, o ato se encerrou com uma grande ciranda e um ato político com falas dos movimentos que organizaram a manifestação.
A marcha foi marcada por muitas intervenções culturais, como o som do Flor de Batuque (grupo de cultura popular de mulheres de Viçosa), os tambores do Buieé (grupo de música afrobrasileira composto por jovens) e mulheres do curso de dança da UFV.
Na manifestação, as mulheres denunciaram a padronização da beleza e do corpo da mulher como uma forma de violência. O emprego doméstico também foi um eixo da manifestação. Em Viçosa, a população feminina é majoritariamente composta por empregadas domésticas que trabalham em casas de família e república de estudantes. As manifestantes denunciaram que, muitas vezes, se paga 10 reais por faxina, e as mulheres não tem carteira assinada, nem direitos trabalhistas.
Na manhã do dia 07 de março, as integrantes do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas e representantes de diversas organizações sociais da região estiveram nas ruas de Montes Claros para denunciar as desigualdades vividas pelas mulheres e lutar por uma sociedade mais justa e sem opressões de gênero. A I Marcha das Mulheres do Norte de Minas retomou as manifestações públicas do Dia Internacional da Mulher.
Com o tema “Mulheres em Movimento Mudam o Mundo”, elas se concentraram na Praça da Catedral e seguiram em Marcha em direção a Praça Doutor Carlos, onde aconteceu o encerramento do ato público. Foram mais de 250 participantes do campo e da cidade de diversos municípios do Norte de Minas denunciando a opressão sofrida cotidianamente pelas mulheres. “Com essa Marcha estamos conseguindo mostrar para o Norte de Minas a importância de nós mulheres”, anuncia Maria Madalena Oliveira Leite, mais conhecida como Dona Nenzinha, agricultora da Comunidade Abóboras, município de Montes Claros.
Dona Nenzinha é uma das integrantes do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas, formado por mulheres da ASA Minas – Articulação do Semiárido Mineiro, juntamente com as mulheres das pastorais sociais, das ONG’s, da Marcha Mundial das Mulheres, da UPM – União Popular de Mulheres, dos Sindicatos dos Trabalhadores/as Rurais, das pastorais sociais, do movimento estudantil, entre outras organizações. Para Maria de Lourdes Souza, agricultora da Comunidade Mocambo da Onça, município de Porteirinha e integrante do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas, a importância maior da Macha foi perceber a fortaleza e o crescimento do Coletivo de Mulheres. “Um grupo que começou pequeno conseguir fazer a I Marcha com mais de 250 mulheres nas ruas, mostra que está funcionando sua forma de organização”, afirma. Ela acredita que esta ação gera informação e formação para o Coletivo e mulheres da região. “Com a Marcha, tiramos as mulheres da invisibilidade, indo para a luta, reivindicando seus direitos e ganhando conhecimento”, conclui.
As mulheres estiveram presentes nas ruas de Montes Claros reivindicando uma sociedade na qual tenham autonomia, respeito e dignidade, através de cantos, palavras de ordem e distribuição de panfletos. A I Marcha das Mulheres do Norte de Minas foi encerrada com uma grande ciranda na Praça Doutor Carlos, local central da cidade.
Em Juiz de Fora, o eixo foi "Nós mulheres não vamos pagar pela crise". Com a presença da batucada, a MMM realizou uma manifestação no Calçadão da Rua Halfeld, em conjunto com as mulheres da UNE, do coletivo mulheres em luta e da juventude revolução.
No Rio Grande do Norte, na região oeste, a Marcha Mundial das Mulheres teve como tema: Não Provocamos à crise! Não vamos pagar por ela!
Estiveram presentes na marcha em Mossoró 10 Municípios com participação de mais ou menos 800 mulheres de diferentes idades, marchando, batucando e gritando palavras de ordem, dentre as quais algumas que estavam adormecidas na região, mas ecoaram de forma estonteante, como: "Direito ao nosso corpo legalizar o aborto!", "Nós que parimos nós que decidimos", todas entoadas pelo sol forte que não foi obstáculo para que as mulheres seguissem firmes com seu objetivo de mudar o mundo para mudar a vida das mulheres.
Esse 8 de março foi diferente no Rio Grande do Norte porque, além da atividade em regional em Mossoró, as mulheres sentiram a necessidade de construir o 8 de Março a partir dos municípios, com atividades internas mostrando que o dia da mulher não é dia de receber parabéns ou de ganhar presentes, mais sim de lutar pelo reconhecimento de seus direitos.
Em São Miguel do Gostoso, foi realizado o III Encontro das mulheres, com participantes de grupos e associações de mulheres dos municipios de Touros, Joao Camara que também fizeram parte da atividade que iniciou com uma mistica 2010 razões para marchar. Com palavras de ordem e uma musica de sua autoria, chamaram cada ano de luta das mulheres desde 2000, articulando o tema e as lutas por soberania alimentar, contra o machismo e a violencia. Uma mesa de debates foi composta por 01 representante de uma asociação de mulheres de Touros, 01 representante da comunidade indigena do Amarelão em Joao Camara, 01 representante do SINTRAF, 01 integrante do Batuk feminista e 01 representante da MMM de São Miguel do Gostoso que desenvolveram o tema do encontro "mulheres em movimento na luta por igualdade e contra a violencia sexista". Houve tambem a construção de uma painel representando o mesmo tempo a partir do olhar das mulheres em cada municipio. Tambem foi realizada uma marcha das mulheres, finalizada com um ato na feira de Sâo Miguel do Gostoso, seguida da inauguração das barracas da feira de economia solidária e uma ciranda.
Em Brasília, a Frente contra a criminalização das mulheres e pela legalização do aborto fez manifestação no parque da cidade. A Marcha Mundial das Mulheres também organizou, em conjunto com o forum de promotoras legais populares, uma manifestação na feira da Ceilandia.
Em Fortaleza, Ceará, o mote foi "Contra a globalização capitalista, uma revolução feminista e socialista". Cerca de 1.200 mulheres marcharam na Avenida Zezé Diogo, na Praia do Futuro. Desde cedo, sindicalistas, militantes do movimento de moradia, negras, lésbicas e bissexuais, camponesas, feministas, jovens, ativistas do movimento hip hop, pescadoras e lideranças comunitárias se concentravam na Praça 31 de março, chamando a atenção de quem chegava à Praia. As faixas e pirulitos erguidos traziam os principais eixos da mobilização: pela legalização do aborto e contra a criminalização das mulheres e dos movimentos feministas; contra a violência sexista, o turismo sexual e o tráfico de mulheres; contra a redução de direitos e salários, as mulheres não vão pagar pela crise do capital; pela livre orientação sexual e contra a imposição da heterossexualidade normativa; contra o racismo e a intolerância; por justiça sócio-ambiental e contra os projetos de “desenvolvimento” que impõem a carcinicultura e a grilagem de terras na zona costeira cearense; a defesa dos bens ambientais, por soberania alimentar e energética, com uma reforma agrária popular.
Divididas em alas e embaladas pela batucada feminista da Marcha Mundial das Mulheres, as ativistas caminharam até a Barraca Croco Beach, conhecido reduto do turismo sexual na cidade de Fortaleza, que como muitos outros empreendimentos naquela localidade, se apropriaram do espaço público da Praia, explorando a mão de obra da população local e servindo a um modelo de desenvolvimento que visa somente o lucro e a “boa estada” dos turistas, mesmo que isso signifique a exploração do corpo e da vida das mulheres e a precarização de quem lá trabalha. Foi ali, naquele espaço expropriado pelo capital, que através das falas dos movimentos, da batucada da MMM e do rap das meninas do MH2O, levantamos as principais questões que hoje afetam da vida das mulheres e que têm como pano de fundo, uma aliança entre o patriarcado e o capitalismo.
No sertão central do Ceará, o comitê regional da MMM realizou, nos dias 5 e 6 um seminário entitulado "Mulheres em luta por igualdade, liberdade, autonomia e soberania popular", que teve a participação de mulheres de Quixadá, Quixeramobim, Choró, Banabuiú, Madalena e Canindé. O seminário teve também a 1ª oficina da Batucada Feminista no Sertão Central.
Na manhã do dia 6 de março, cerca de 300 mulheres rurais marcharam pelas ruas do centro de Quixadá, apresentando reivindicações nas áreas da saúde, trabalho e violência contra as mulheres. O ato teve a participação das sindicalistas e das militantes do MST. No dia 09 de março foi a vez de as mulheres de Quixeramobim irem às ruas para reivindicar mais igualdade e justiça; para cobrarem uma saúde de qualidade, com atenção especial à saúde das mulheres; exigirem o fim da impunidade dos agressores de mulheres; e políticas direcionadas aos/às jovens rurais do município. Algumas mulheres se aventuraram, então, em sua primeira incursão pela batucada feminista que, de forma colorida e alegre, fez um convite às mulheres de Quixeramobim a se juntarem à nossa luta.
- Marcha Mundial das Mulheres –MMM-