MST faz jornada em 7 estados por Reforma Agrária

2008-07-21 00:00:00

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O MST ocupou as superintendências do Incra (Instituto Nacional da
Colonização e Reforma Agrária) em sete estados para exigir o assentamento
das 140 mil famílias acampadas e um programa de agroindústria para
assentados, nesta segunda-feira (21/7). A Jornada de Lutas por Reforma
Agrária, realizada em torno do Dia do Trabalhador Rural, em 25 de julho,
denuncia a lentidão no processo de criação de assentamentos, as promessas
não cumpridas e a prioridade do governo ao modelo do agronegócio. As ações
condenam também a criminalização dos movimentos sociais, especialmente no
Rio Grande do Sul e no Pará.
 
"A Reforma Agrária está parada em todo o país. Exigimos o assentamento das
famílias acampadas e um programa de agroindústrias para nossas áreas",
afirma José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST. "Só a
Reforma Agrária pode resolver o problema da crise do preço dos alimentos,
com o fortalecimento de um modelo de produção baseado em pequenas e médias
propriedades, que produzem 70% dos alimentos consumidos no país".
 
"Queremos denunciar também o processo de criminalização dos movimentos
sociais, que impede a discussão sobre o futuro da agricultura e enfraquece
a democracia no país", afirma Batista. No Rio Grande do Sul, o Ministério
Público do estado aprovou relatório que pede a dissolução do Movimento. No
Pará, o dirigente da CPT José Batista foi condenado a prisão por
participar de protesto no Incra. O MST faz uma campanha contra a
criminalização dos movimentos sociais e recebeu apoio de entidades,
parlamentares, artistas e intelectuais do país e do exterior.
 
Em São Paulo, cerca de 400 trabalhadores do MST ocupam a superintendência
regional do Incra, para exigir o assentamento das 1.600 famílias acampadas
e a liberação de crédito e infra-estrutura para 700 famílias assentadas.
 
Em Alagoas, cerca de 800 Sem Terra ocupam a sede do Incra, em Maceió, para
reivindicar a imediata desapropriação e aquisição de terras para as
famílias acampadas e o cumprimento da meta de 2008. A ação conta com a
participação da CPT (Comissão Pastoral da Terra). Mais de 80 famílias do
MST ocuparam a Fazenda Carolina, no município de Teotônio Vilela, que
fazia parte do patrimônio do antigo Produban (Banco do Estado de Alagoas
S.A).  A ocupação denuncia que terras sob controle do Estado, como parte
da dívida dos usineiros, e devem ser transformada em assentamentos. Por
isso, o MST pede abertura de negociação com o governo do Estado em relação
a essas terras.
 
Na Paraíba, 800 famílias acampadas e assentadas ocupam a sede do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em João Pessoa. Os
Sem Terra exigem o assentamento das mais de 2.600 famílias acampadas no
estado, além de investimentos nas áreas de assentamentos. Há 52
acampamentos no estado, com famílias que resistem e lutam pela Reforma
Agrária, vivendo em situação bastante difícil a beira de estradas e
sofrendo a violência do latifúndio e do agronegócio. Algumas famílias
vivem há mais de 7 anos embaixo da lona preta, como acontece no
acampamento Novo Conquista, em Condado, e o Acampamento Ouro Verde, em
Caaporã.
 
Na Bahia, cerca de 450 trabalhadores e trabalhadoras rurais do MST ocupam
a superintendência regional do Incra, em Salvador, para exigir o
assentamento de 25.000 famílias acampadas, em 240 áreas, a desapropriação
imediata das áreas em processo. Os Sem Terra promovem a ocupação para
pressionar o governo do estado para o cumprimento de acordo realizado em
abril do ano passado, quando o MST realizou uma marcha com 5.000 pessoas
entre Feira de Santana a Salvador, onde foram recebidos pelo governador
Jaques Wagner. O MST pede a reforma de 5.000 casas e a construção de 3.000
casas em assentamentos, a pavimentação de 1.000 km de estradas e a
inclusão de aproximadamente 50 assentamentos das regiões Sul, Baixo-Sul e
Extremo-Sul do MST em programa de apoio à produção de cacau.
 
No Maranhão, em São Luís, foi ocupado o Incra para exigir agilidade no
assentamento das 2.500 famílias de trabalhadores rurais acampados. Os
manifestantes pedem também crédito para estrutura para as 7.000 famílias
assentadas. O MST pretende negociar com o governo federal um programa para
a agricultura no estado, onde 48% dos habitantes vivem em áreas rurais. Os
trabalhadores rurais pedem audiência com representante nacional do Incra
para garantir o avança das negociações.
 
No Ceará, 1000 trabalhadores e trabalhadoras do MST ocupam a sede do Incra
(Instituto de colonização e Reforma Agrária), no Ceará, para reivindicar a
celeridade nos processos de vistoria, desapropriação e imissão de posses
para as terras ocupadas.
 
Em Goiás, 500 lavradores de acampamentos e assentamentos ocupam a sede o
Incra, em Goiânia. Eles reivindicam o assentamento das 4.000 famílias
acampadas no estado, além de negociar com o órgão a liberação de crédito e
infra-estrutura nos assentamentos. Está prevista uma reunião com a
superintendência do órgão na tarde de hoje. "O Incra prometeu assentar
1400 famílias este ano e até agora assentaram menos de 20", afirma Rosana
Fernandes, da coordenação estadual.