Solidariedade internacional ao povo e governo da Bolívia
A Central Única dos Trabalhadores - CUT Brasil dirige-se às organizações sindicais e populares de todo o mundo para convidá-las a tomar posição neste difícil momento que atravessa o povo trabalhador da nossa vizinha nação da Bolívia.
Como se sabe, desde a eleição de Evo Morales para a presidência da Bolívia, através do voto majoritário de seu povo, não cessaram os intentos de elites privilegiadas, em particular empresários e grandes proprietários de terras dos departamentos da região oriental do país – Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando – e de suas representações políticas de desrespeitar seu mandato e agitar a bandeira do separatismo a pretexto das chamadas autonomias departamentais.
No último dia 4 de maio, a oligarquia que controla o departamento de Santa Cruz realizou um referendo inconstitucional, ao arrepio da Corte Nacional Eleitoral da Bolívia, que dividiu o colégio eleitoral praticamente ao meio: 39% de abstenção, sendo que dos 61% que votaram, 15% optaram pelo “Não” ao Estatuto Autonômico que pretende subtrair toda a região da autoridade do governo nacional boliviano.
Agora se anunciam novos referendos, igualmente ilegais, nos departamentos de Beni, Pando e Tarija ao longo do mês de junho, numa escalada divisionista, Não é segredo para ninguém que os líderes desses quatro departamentos que constituem a chamada “Meia Lua” na porção oriental da Bolívia, foram recebidos nos Estados Unidos por autoridades do governo deste país, cuja embaixada em La Paz é bastante ativa no apoio aos “autonomistas”.
Assim, no coração da América do Sul, está em curso a mesma política já utilizada em outras latitudes do planeta – como na ex-Iugoslávia e no continente africano – de fragmentar as nações para conter mudanças que ferem interesses estabelecidos e manter a dominação das multinacionais sobre os recursos que devem pertencer aos povos soberanos.
Como alertaram os presidentes Hugo Chávez da Venezuela e Rafael Correa do Equador, este plano de fragmentar nações não para na Bolívia e visa, à prazo, inclusive incentivar processos separatistas nos países por eles presididos.
Para a CUT é hora de dar um basta às pretensões daqueles que preferem ver destruída a unidade da nação do que perder seus privilégios econômicos e sociais em benefício da maioria explorada e oprimida do povo!
Somando-se ao conjunto das organizações sindicais e populares da Bolívia, à nossa co-irmã Central Operária Boliviana (COB), ao governo legal e legítimo de Evo Morales, que todos tomaram posição contra as posições separatistas e divisionistas da oligarquia em seu país, a CUT conclama todos seus parceiros internacionais, todas as organizações sindicais, democráticas e personalidades comprometidas com a luta em defesa dos interesses populares e a soberania das nações, a tomarem posição solidária:
- Em defesa do mandato popular do presidente Evo Morales
- Contra a política separatista das oligarquias
Propomos que mensagens sejam enviadas ao governo nacional da Bolívia expressando esta solidariedade, bem como a realização de manifestações diante de representações diplomáticas dos EUA nos diferentes países alertando seu governo que não permitiremos que intervenha e apóie a oligarquia separatista na Bolívia!
São Paulo, 16 de maio de 2008
João Antonio Felício
Secretário de Relações Internacionais
Julio Turra
Diretor Executivo