Vida e revida

Um adeus a nosso mestre e Pastor Dom Tomas Balduino

Ademar Bogo / MST
2014-05-04 22:00:00

Como a flor cheirosa, do campo se despede;

Dobra-se ao ciclo da eterna evolução

Fica a semente que a mão do vento expede

Com seu murmúrio em forma de canção.

 

Canção de vida que na morte é revida...

Revida, renascendo em testemunho dado!

Revida, em luta do índio revoltado!

Revida, em marcha do camponês magoado!

Revida, mulher pobre, branca, negra e homem favelado...

 

Por um instante, desçam do alto dos mastros as bandeiras;

Cale-se a terra concentrada, lamentando a perda...

Juntem-se os pés nas bases das fileiras...

Caia sincera a lágrima da pálpebra esquerda...

 

Juntem-se as mãos deixando os gestos vãos...

Baixe o olhar em sinal de respeito

Ergam-se os braços em forma de oração

Dobre-se o corpo, inclinando o peito.

 

Não é por dor, tampouco por tristeza!

Mas pelo brilho da obra e sua grandeza

Que fez a vida profetizadora...

Se a natureza a põe interrompida...

Não haverá nenhuma despedida

Se cada mão for sua continuadora.

 

Fica o exemplo firme e militante...

A crítica e o desprezo aos governantes

Que não ouviram as suas sugestões.

Fica um bendito a quem com luta espera...

A maldição aos que tomam a terra

E a esvaziam de suas populações.

 

Fica o chamado para o seguimento...

Para os valores e o bom comportamento

Na formação da consciência humanista.

Vigiai por nós enquanto caminhamos;

Que aqui ficamos e de ti lembramos

De punho erguido e frontes otimistas...

Assim sentimos leve o nosso coração

Pois com certeza irás ao panteão

Onde estão os grandes socialistas.