Começaram as jornadas globais de ação contra as IFIs

2006-09-20 00:00:00

Cerca de 160 organizações da sociedade civil convocaram o boicotar as reuniões anuais do Banco Mundial e o FMI que se realiza em Cingapura, em protesta pelas deportações e restrições sofridas por diversos ativistas, que inclusive figuravam em uma lista negra que lhes negava o ingresso ao país. Assim sucedeu, por exemplo, com Ana María Nemenzo, membro de Jubileu Sul, quem manifestou que "a sociedade civil há muito que está insatisfeita com a marginalización que sofre por parte destas instituições , mas isto que sucede leva o problema ao ponto mais baixo".

Vários ativistas latino-americanos também foram afetados, como o caso de Maria Clara Soares, da ActionAid no Brasil que foi deportada a seu país, enquanto Iara Pietricovsky, da Rebrip (Rede brasilera pela integração dos povos) foi liberada depois de umas horas de detenção.

Na cidade vizinha de Batam, a Indonésia, os organizadores do Fórum Internacional dos Povos (FIP) denunciaram que as restrições do governo de Cingapura respondem a informações fornecidas pelo próprio Banco Mundial e o FMI, demonstrando o caráter repressivo destas instituições, que se dizem "democráticas", mas que violam sistematicamente os direitos humanos e as liberdades públicas da população . Assim o confirmou Lidy Nacpil, coordenadora global de Jubileu Sul, quando assegurou que "as expressões de surpresa e decepção do FMI e o Banco Mundial não podem tomar-se a sério".

Várias organizações se somaram nas últimas horas aos protestos pela situação que estão vivendo, cancelando sua participação em diferentes reuniões programadas. Se espera que o chamado ao boicote vá tomando mais força à medida que as notícias sejam divulgadas.

Por outra parte, frente a este panorama se iniciavam as ações globais com grande repercussão em nível mundial, especialmente em vários países da américa Latina. No Brasil, diversos movimentos sociais levaram adiante a "semana de ação contra o pagamento da dívida, o BM e o FMI", confluindo na Semana da Pátria e o Grito dos Excluam@s. No Rio de Janeiro, Jubileu Sul junto de diferentes coletivos de mulheres começaram uma semana de denúncia das conseqüências sofridas pelas políticas das IFIs. Em tanto, em São Paulo se espera uma mobilização para o dia 20 de setembro, dia de fechamento das jornadas globais.

Na Argentina, com grande repercussão durante o 13 e 14 de setembro uma dúzia de organizações, entre as quais se encontravam Diálogo 2000, ATTAC, a convocação NÃO ao CIRDI e outras, instalaram a "carpa NÃO à dívida" frente ao Parlamento Nacional. Encabeçados pelo Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel e as Mães da Praça de Maio LF, Nora Cortiñas e Mirtha Baravalle, exigiram se de tratamento à sentença girada há seis anos pela Justiça Federal, onde se evidenciou a fraude que representa a dívida externa argentina. Por sua vez, a Conferência Argentina de Religiosos e Religiosas (CONFAR), junto ao Espaço Ecumênico, se somaram às ações realizando diferentes liturgias em diferentes pontos do país.

No Equador, se iniciava a Assembléia de credores das dívidas históricas, sociais e ecológicas, promovida por Ação Ecológica, Jubileu 2000-Guayaquil, a REMTE e outras organizações, onde se colocava evidenciar a relação entre as políticas das IFIs e os impactos sociais e ambientais.

Também se programaram atividades no Uruguai, a Colômbia, o Peru, a Triplo Frontera e a América Central. Se espera que até 20 de setembro se multipliquem as ações e mobilizações contra as políticas das IFIs.

Enquanto se seguem produzindo em Cingapura as demonstrações antidemocráticas do BM e o FMI, milhares ao redor do mundo seguimos levantando nossa voz para dizer BASTA de políticas de saque e morte, de endividamento e dependência financeira! Queremos outro mundo, baseado na igualdade, a solidariedade e a justiça!

- Informação atualizada em: http://accionescontralasifis.blogspot.com