Modelo econômico atual é incompatível com a preservação do meio ambiente
O segundo dia do III Congresso Nacional da CPT teve início com uma análise da conjuntura política nacional. Com a ajuda do pesquisador César Sanson, os congressistas puderam analisar os efeitos do atual modelo econômico sobre o meio ambiente. Segundo o pesquisador, o fortalecimento de um Estado cada vez mais desenvolvimentista, impede a conservação dos recursos naturais ainda disponíveis.
A Plenária Geral do segundo dia do Congresso Nacional da CPT teve início com a análise da conjuntura política brasileira, assessorada pelo pesquisador do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores (CEPAT), César Sanson. O pesquisador destacou a importância de se debater as questões ambientais, que estão diretamente ligadas às questões econômicas e sociais do país na atualidade. “Os problemas ambientais enfrentados hoje pela humanidade são uma das mais graves consequências do modelo econômico, e expressam as contradições e a inviabilidade da continuação do modelo de produção existente hoje no Brasil e no mundo”. Na análise ressaltou-se ainda que hoje existe no país um fortalecimento cada vez maior de um estado neo-desenvolvimentista, que investe e financia grandes projetos de desenvolvimento a qualquer custo, tendo programas de mitigação da pobreza apenas para compensar a população atingida pela concentração de terras e de riqueza, mas que mascaram a necessidade de modificações do modelo de produção que explora os trabalhadores e os recursos naturais.
Os trabalhadores, trabalhadoras e os movimentos sociais são hoje os principais protagonistas na construção de um projeto popular que contraponha o atual modelo de produção, destacou o pesquisador. Em depoimento durante a Plenária, o quilombola Manoel Santana, da comunidade Charco, localizada no município de São Vicente Ferrer (MA) mostrou o exemplo de luta e resistência das comunidades tradicionais contra esse atual modelo e relembrou a luta das 92 famílias pela conquista do reconhecimento de seu território.
Para dar continuidade aos debates do III Congresso Nacional da CPT, os participantes seguem durante todo o dia de hoje aprofundando os temas relacionados à questão ambiental e eclesial e os desafios dos camponeses e camponesas diante do contexto analisado.
Diversidade ecumênica-cultural marca solenidade de abertura do III Congresso da CPT
Uma mistura de cores, ritmos, crenças, sotaques e culturas se encontraram na celebração de abertura do III Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra, na noite desta segunda-feira (17/05), no Colégio São José Marista em Montes Claros (MG). Cerca de 900 participantes, entre trabalhadores, trabalhadoras, religiosos, pesquisadores, agentes pastorais e convidados vindos de todo o país, prestigiaram a noite de acolhida.
A mística inicial celebrou as lutas, a preservação dos territórios e relembrou os Congressos anteriores da CPT, que buscaram, ao longo de sua história, defender a cultura camponesa. Com o tema “Biomas, Territórios e Diversidade Camponesa”, e sob o lema “No clamor dos povos da terra, a memória e resistência em defesa da vida”, é chegado o momento de refletir sobre os novos desafios apontados por camponeses e camponesas para as ações e presença da CPT nos próximos anos.
Os trabalhadores rurais de Minas Gerais foram os primeiros a saudar os visitantes, destacando a importância do Congresso. A agricultora Laureci Ferreira Silva do assentamento Dois de Junho (Olhos D’água) destacou a presença expressiva das mulheres e dos jovens que vão dar mais força aos trabalhos. Já Cristovino, do assentamento Americano (Grão Mogol), fez questão de alertar sobre a preservação do meio ambiente. “A nossa vitória vai ser igual à nossa luta. Temos que lutar cada vez mais e preservar o restinho dos biomas que ainda existe, usar com consciência para que os nosso filhos também tenham direito. A natureza não precisa de nós, é a gente que precisa dela!”, exaltou.
O Presidente Nacional da CPT, Dom Ladislau Biernaski oficializou a abertura das atividades. “Nosso Congresso quer ser de fato um espaço de comunhão, para refletir sobre propostas que defendam nossos biomas, sobretudo, daqueles que utilizam a terra para explorar e concentrar.” Dom Ladislau destacou que “precisamos preservar e lutar por nossos territórios, os nossos irmãos indígenas e quilombolas também estão sendo ameaçados e não têm o direito à terra. Enquanto isso, muitos querem destruir a diversidade, investindo na produção de alimentos transgênicos e nas transnacionais”, ressaltou.