Protestos em cerimônia de abertura de conferência de OMC

2005-12-14 00:00:00

Mais de quarenta pessoas provenientes de todo mundo inesperadamente se juntaram a cerimônia de abertura da reunião ministerial da Organização Mundial de Comércio (OMC) em Hong-Kong, que se iniciou ontem 13 de dezembro, para protestar contra a tentativa da OMC de dar um maior impulso à liberalização.

"Vimos dez anos de engano da OMC. Estamos protestando porque não podemos continuar vendo como a OMC tirar as vidas e os sustentos de camponeses e trabalhadores no mundo”, disse Walden Bello, diretor executivo de Focus on the Global South.

Membros da sociedade civil, incluindo organizações, movimentos sociais, sindicatos e ONGS alçaram bandeiras brancas sobre suas cabeças e cantaram lemas durante o discurso de abertura de Pascal Lamy, diretor geral da OMC. Através do auditório, alçaram afiches que diziam, em vários idiomas: "Apóia a teu povo", "a OMC mata camponeses". Os ativistas exigiram que os países em desenvolvimento membros da OMC recusem o “pacote oco do desenvolvimento”.

"Não há nada na mesa da OMC que vá beneficiar aos países em desenvolvimento. Estes devem recusar o que lhes estão ofertando. Em qualquer caso, "nenhum acordo é melhor do que um mau acordo".

Esta mensagem foi repetida por várias delegações de países em desenvolvimento que levaram a cabo rodas de imprensa antes da sessão plenária. Também se ouviu num foro aberto sobre o G20, co-organizado pela União de Camponeses Indonésios e Focus on the Global South. O ministro brasileiro para a reforma agrária, Miguel Rosseto, e o negociador chefe da Índia, Gopal Pillai, coincidiram em que, dada a maneira como estão movendo-se as negociações, seria preferível não chegar a nenhum acordo em Hong-Kong.

Marcha

Enquanto, no exterior se realizou uma marcha, que partiu do parque de Vitória com direção ao centro de convenções onde se realiza o evento da OMC. Ao redor de 75 camponeses coreanos saltaram ao mar e tentaram nadar até ao centro de convenção, antes de ser recolhidos por guardacostas. A multidão os animava. A polícia de Hong-Kong reagiu de maneira exagerada e isolou imediatamente as ruas do área; centenas de polícias vestindo trajes antimotines se acercaram em forma ameaçadora para as pessoas que protestavam.

"Isto está enviando um sinal errôneo aos protestos democráticos em Hong-Kong. A polícia deve ser mais sensível às preocupações da gente e permitir que expressem suas opiniões ", disse Sajida Ally do centro asiático de migrantes, com sede em Hong-Kong.

(Tradução e resumo: Minga Informativa)

Fonte: Focus on the Global South http://www.focusweb.org/