Boletim eletrônico da SOF - Sempreviva Organização Feminista - Março de 2003
8 de março: dia de festa e de luta
É assim que o movimento de mulheres do mundo inteiro atua no dia internacional da mulher. A história desta data está ligada à luta das operárias americanas por melhores condições de trabalho no século XIX. Foi também neste dia que as russas iniciaram a revolução de 1917. O 8 de março se tornou ao longo desses anos a principal data do calendário do movimento de mulheres.
Em 2003 o repúdio à guerra e a reivindicação de paz foi o principal lema na maioria dos países em que as mulheres saíram às ruas. O grito contra a guerra e pela paz acompanhou as bandeiras históricas do movimento de mulheres, que luta contra todas as formas de discriminação e por condições de igualdade entre homens e mulheres.
O tema da violência contra as mulheres também teve destaque na maioria das manifestações. A cada quinze segundos uma mulher é espancada no Brasil.E essa não é a única forma da violência. As mulheres são estupradas, assassinadas, traficadas, exploradas sexualmente, humilhadas. Isso mostra o quanto é longo o caminho que ainda temos a percorrer.
As manifestações também trouxeram para as ruas as reivindicações de acesso ao emprego, de igualdade salarial, direito a creche, à saúde, à moradia, a terra e de participação nos espaços de poder e decisão.
As mulheres continuam reafirmando seu direito à autonomia para decidir sobre suas próprias vidas, seu direito de ter ou não ter filhos e de decidir livremente sobre sua sexualidade. Nesse 8 de março, essa reivindicação também tomou a forma da crítica à mercantilização do corpo e da vida das mulheres, cuja expressão mais evidente é exploração da imagem da mulher na propaganda. O crescente caráter sexista da publicidade é também alvo da crítica do movimento.
O que o 8 de março mostra é a força e vitalidade do movimento de mulheres, que no mundo inteiro vive um momento de expansão, de renovação e criatividade, buscando novas formas de expressão e denúncia, pela música, o teatro, a pintura, as faixas feitas a mão. Mostra também um movimento de mulheres que não separa as lutas imediatas das lutas por uma transformação geral da sociedade. Por isso sempre foi um movimento que se organiza desde os bairros, os locais de trabalho, mas sempre construindo sua articulação internacional, que vai dos fatos do cotidiano ao projeto de um mundo justo e sem guerras, da questão da auto-estima até as políticas econômicas em nível internacional.
Todas contra a guerra foi um dos lemas do Dia Internacional da Mulher em São Paulo
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Mobilizações mundiais contra a guerra no Iraque
No último dia 15 de março, mais uma vez centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas no mundo todo em manifestações contra a guerra no Iraque. Em Washington, EUA, manifestantes protestaram em frente à Casa Branca, sede do governo norte-americano, e em Atenas, Grécia, milhares de pessoas fizeram manifestações durante a reunião dos Ministros de Defesa dos países europeus, que ocorreu na cidade.
As manifestações contra a guerra vem ocorrendo desde o dia 15 de fevereiro, que levou cerca de 30 milhões de pessoas às ruas em protestos no mundo todo.
No dia 1º de março, a Coordenação Internacional contra a Guerra, (composta de entidades e movimentos sociais de várias partes do mundo), se reuniu em Londres, Inglaterra, para propor uma agenda internacional unificada de ações que devem se somar às campanhas já organizadas pelas diversas iniciativas.
Foram tiradas indicativas de ações diretas nas instalações militares norte-americanas situadas na Europa e de interferência no sistema de transporte militar (principalmente o transporte de armas), além de pressões massivas sobre parlamentares e representantes das Nações Unidas e a constituição de assembléias e consultas populares contra a guerra.
No dia 8 de março, as comemorações do dia internacional da mulher emcamparam protestos anti-guerra em vários países e cidades do mundo.
Agora, para o dia 21 de março estão sendo propostos atos de solidariedade contra a guerra nos locais de trabalho. Serão realizadas assembléias, paralisações e greves, entre outras formas de luta (em alguns países, greves nacionais contra a guerra já estão sendo preparadas para este dia).
No caso de um ataque ao Iraque, devem ocorrer protestos massivos em todas as grandes cidades do mundo tanto no dia do início da guerra quanto no sábado conseguinte.
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Contra o ataque de Bush, intensificar as mobilizações
Este é o chamado das organizações que compõem o Comitê São Paulo Contra a Guerra ao Iraque. Veja abaixo o calendário de atividades.
20/03 - quinta feira
10 às 17 horas - Comitê na Rua - Estaremos fazendo agitação todo o dia no MASP na avenida Paulista
21/03 - sexta feira
9 horas - concentração no MASP Av Paulista
11 horas - passeata até o consulado dos EUA
18 horas - Catedral da Sé - Culto Ecumênico Contra a Guerra
22/03 - sábado
12h30 às 17 horas - Festival Cultural Contra a Guerra
17 horas - Ato de Encerramento
Informações (11)3272-9411 ramais 286/215 ou www.guerranao.kit.net
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Mulheres no Iraque: querem parir antes das bombas
Cenas de pânico na maternidade do Hospital Elwivah de Bagdá. As mulheres grávidas, mesmo que sua gestação ainda não esteja concluída, pedem em massa para serem submetidas à cesariana porque não querem correr o risco de parir em condições de emergência desesperada em meio ao ataque militar.
No hospital, médicos e pessoal para-médico ainda se lembram dos episódios trágicos ocorridos no curso da guerra de 1991, quando muitas parturientes morreram por não conseguir chegar ao pronto socorro por causa dos bombardeios.
Muitas pedem a cesárea, mesmo ainda estando de sete meses, porque têm medo que com a entrada em vigor do toque de recolher, quando certamente faltarão luz e água, parir sob as bombas será um risco altíssimo para elas e para os nascituros.
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Expediente
Sempreviva Informa é uma publicação quinzenal da SOF - Sempreviva Organização Feminista.
Equipe editorial: Nalu Faria, Miriam Nobre, Sônia Maria Coelho, Fernanda Estima e Julia Ruiz di Giovanni - Edição: Fernanda Estima (Mtb 25.075)
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