MMC planta árvores em defesa da biodiversidade
O ato intitulado "Cultivando a Bioidversidade", no Parque Newton Freire
Maia, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba no Acampamento da Via
Campesina, foi palco para diversas manifestações à ação das mulheres
camponesas no laboratório hortoflorestal da empresa Aracruz Celulose.
A militante do MMC (Movimento das Mulheres Camponesas) Rosângela Cordeiro
abriu a cerimônia com um discurso forte no qual reafirmou o compromisso
das trabalhadoras rurais de preservar a natureza, a biodiversidade, a
vida para garantir a perpetuação das sementes de dignidade e de alimento.
Ela enfatizou também a necessidade de todas as mulheres agricultoras em
preservar o cuidado herdado historicamente de familiares de permanecer
semeando, cuidando, e lutando por justiça e dignidade na vida no campo.
"Afirmamos aqui a nossa luta de resistência, mas também de enfrentamento
a todo projeto de morte, que o sistema capitalista impõe sobre nossos
povos usando a terra, a água para explorar todo nosso patrimônio em
grande escala de monocultura constituindo um atentado suicida às gerações
futuras. Do fundo de nossas entranhas sabemos enfrentar qualquer inimigo
que se coloca em nosso caminho", afirmou Rosângela.
Ela aproveitou também para agradecer as inúmeras manifestações de apoio e
solidariedade às mulheres do campo, especialmente do Rio Grande do Sul.
Para finalizar, conclamou as mulheres e aos homens a seguirem o
compromisso e atitude do MMC, que busca tornar o mundo mais justo para
que fique em primeiro lugar o respeitado com os seres humanos.
O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), o integrante da Via
Campesina João Pedro Stedile, e o secretário de Biodiversidade e
Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco também
participaram do ato.
Participação no acampamento
"A Conferência Mundial da Biodiversidade é de tal importância para o
mundo inteiro por principalmente tratar de questões relacionadas a vida,
como a terra, água, ar, sementes. A Conferência está sendo muito bem
aproveitada, pois os temas trabalhados são aqueles que estão hoje em
nossas vidas, e que inclusive se não tomarmos nenhuma providência isso
tudo que está ocorrendo (trangênicos, semestres suícidas, agrotóxicos,
poluição, contaminação) poderá acabar como já está acabando com a vida
de nosso planeta".
É o que diz a estudante de técnica em agropecuária, Aline Moraes, do MMC
(Movimento de Mulheres Camponesas), que faz questão de ressaltar sobre as
atividades no acampamento Terra Livre de Transgênicos, da Via Campesina,
montado em Curitiba desde 13 de março.
Para o MMC, quando se discute biodiversidade, além da questão ambiental,
se trata da vida humana. O compromisso do movimento de camponesas em
atuar na Conferência da Biodiversidade é fortalecer a luta em defesa da
vida de todas as pessoas, que na agricultura camponesa encontram seu meio
de subsistência. Além disso, é preciso levar em consideração a
preservação da natureza e animais.
"É importante a ação da Via Campesina em realizar conferências, atos
públicos e manifestações, pois assim nós mostramos para o mundo o
causador do capitalismo e também mostramos para o governo, grandes
empresários e para as transnacionais que somos um povo organizado que
luta a favor da vida, da preservação de todos os bens naturais que são
patrimônio da humanidade", completa Moraes.
O MMC acredita que a vida humana, o trabalho na roça, a produção de
alimentos não podem ser simplesmente privatizados para atender as
necessidades capitalistas que pensam unicamente em lucro, por meio do
agronegócio e da monocultura. Daí a necessidade fundamental de continuar
a luta sem desistir.
No centro-oeste
No Estado do Mato Grosso do Sul, o MMC se destacou depois do 08 de março
deste ano. O movimento realiza um trabalho de base e procura
conscientizar as mulheres de seus direitos. Mesmo com as dificuldades,
foi possível realizar todas as audiências planejadas no Dia Internacional
Da Mulher.
As atividades que acontecem no Acampamento da Via Campesina, da qual
estão participando com uma delegação estadual, vai contribuir para a
intensificação da luta contra os transgênicos no Estado e no país.
"A Via Campesina é um rumo em minha vida e da comunidade que eu
participo. Ajuda a resgatar as sementes, as nascentes de água e a
recuperação dos rios. Com muita luta e união no Movimento das Mulheres
Camponesas e na Via Campesina resistiremos ao neoliberalismo, ao
latifúndio e às noticias mentirosas", desabafa Neli Turatti, uma das mais
antigas militantes do MMC do Mato Grosso do Sul.
O Movimento das Mulheres Camponesas está representado na Conferência por
militantes do Estado de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, com
a participação de ativista da Marcha Mundial das Mulheres.