MOP 3: Multinacionais são maioria na delegação brasileira

2006-03-13 00:00:00

Começou hoje, em Curitiba, o 3º Encontro de Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP3), que precederá a Convenção de Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica. Representantes dos governos de mais de 150 países, organizações não governamentais e setores da sociedade civil organizada nacional e internacional participam do encontro. Só a Monsanto, multinacional norte-americana, participa com 15 pessoas na delegação do Brasil. “Estamos surpresos com o numero de participantes da Monsanto, uma vez que o Itamaraty restringiu a quantidade de pessoas para participar da delegação brasileira”, diz Gabriel Fernandes, da Campanha Por um Brasil livre de transgênicos.

Um dos pontos de maior discussão no Protocolo é a identificação dos identificação de organismos geneticamente modificados no transporte internacional. A Via Campesina espera que o Brasil defenda a expressão “contém OVMs (organismos vivos modificados)” em rótulos de sementes ou alimentos geneticamente modificados. “A única forma da sociedade garantir que os responsáveis pelos danos causados à saúde ou ao meio ambiente sejam punidos, é exigir que esses produtos sejam identificados com a expressão “contém OVMs”, alerta Altacir Bunde, da Via Campesina.

Já as multinacionais defendem a opção “pode conter OVMs”. Elas alegam que a rotulagem poderá encarecer os produtos, tornando inviável a produção. Para Gabriel, esse é um argumento falso. “Se transgênico fosse bom, as empresas adotariam a rotulagem”, afirma. Empresas brasileiras estão boicotando a identificação e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) apóia os interesses delas. “A Monsanto, Bayer e outras empresas apostam na difusão maior de seus produtos. A expressão”pode conter OVMs” facilita a entrada ilegal de sementes transgênicas no país e a cobrança de royaltes”, conta Gabriel.