Movimentos preparam mobilizações

2006-02-06 00:00:00

No encerramento do FSM, dia 29 de janeiro, organizações sociais
apresentam plataforma de luta global para 2006

O Fórum Social Mundial (FSM) 2006 terminou com um forte sentimento
antiimperialista. No último dia do evento, realizado de 24 a 29 de
janeiro, as campanhas divulgadas durante a Assembléia Mundial dos
Movimentos Sociais deixaram claro que, este ano, as mobilizações
pretendem derrotar os tratados de livre comércio, o neoliberalismo e
a intervenção militar estadunidense. Desde a primeira edição do Fórum,
em 2001, os movimentos elaboram, durante a Assembléia, um calendário
das principais mobilizações para o ano que se inicia.

Um dos principais pontos da agenda para 2006 é a luta contra a guerra
no Iraque, e mobilização exigindo a retirada das tropas estadunidenses
do país, marcada para dia 18 de março. "Também somos contra a expansão
do imperialismo militar e queremos que as bases militares
estadunidenses de todo o mundo sejam desativadas", disse o sociólogo
belga François Houtart, secretário do Fórum Mundial de Alternativas.

Liderança

A luta contra a Rodada Doha de negociações da Organização Mundial do
Comércio (OMC) é outro destaque da agenda. A reunião do conselho geral
da entidade, em maio, deve ser marcada por protestos para impedir que
o acordo seja assinado. Segundo as entidades, o governo venezuelano
irá liderar a oposição e manter as restrições feitas em Hong Kong,
especialmente no capítulo sobre serviços. Mais uma campanha importante
ocorrerá durante a reunião anual do Banco Mundial com o Fundo
Monetário Internacional (FMI), em setembro, nos Estados Unidos.

Um protesto também irá acontecer em Genebra, na Suíça, durante a
reunião da União Européia e América Latina, quando será montado um
tribunal para julgar crimes cometidos por transnacionais européias na
América Latina. "Queremos desmistificar a mentira de que na Europa se
respeita o determinismo dos povos", explica Beverly Keene, do Conselho
Internacional do Fórum Social Mundial e representante da rede Jubileu
Sul. Mini-Alcas

Se a Alca "foi enterrada em Mar Del Plata", como disse o presidente
da Venezuela, Hugo Chávez, o mesmo não se pode dizer das chamadas
"mini-Alcas", porque os tratados de livre comércio continuam ameaçando
os países da América Central e Latina. Para discutir estratégias de
combate a esses acordos, os movimentos organizam o Encontro
Hemisférico dos Movimentos Sociais, em Cuba, em abril.

Os direitos indígenas entram na pauta 2006 dos movimentos, que
realizam seu 3º Encontro Continental, na cidade da Guatemala, em
outubro. "Queremos construir agendas para a reafirmar a luta em
defesa da água, da terra, da desmilitarização, do não pagamento da
dívida externa", afirma Blanca Chancoso, da Confederação de
Nacionalidades Indígenas (Conaie), do Equador. Segundo ela, a
proximidade das eleições no país preocupa os indígenas, "que não
querem de maneira alguma que o governo assine os tratados de livre
comércio".

A diversidade sexual, presente no FSM há três anos, com o fórum de
diversidade sexual, este ano também terá uma campanha, diz Phumi
Mtetwa, da organização Diálogo Sur-Sur. "Lutamos pela soberania e
pela auto-determinação. É impossível pensar um outro mundo sem pensar
nas diversidades étnicas, sexuais e de gênero. Temos avançado muito.
A luta contra a homofobia está mais presente na agenda dos movimentos
sociais e nos movimentos de esquerda", indica Phumi.