MAB agenda audiência com Lula
Negociações avançam e presidente Lula recebe Movimento dos
Atingidos por Barragens
A semana do Dia Internacional de Lutas Contra as Barragens
continua intensa para os atingidos organizados no Movimento dos
Atingidos por Barragens/MAB. As mobilizações continuam e a
previsão é de que a partir de hoje (17), novas ações iniciem. Os
atingidos lutam para a garantia dos direitos básicos do ser humano,
principalmente pela terra que lhes é tirada para a construção das
hidrelétricas.
As negociações com as empresas construtoras e com o governo
avançam, mas os atingidos continuam lutando. Em Rondônia, os
atingidos pela barragem de Samuel ainda estão na obra. Depois de
mais de 20 anos da conclusão da obarragem, inúmeros problemas
sociais permanecem. A situação é a mesma em Tucuruí, no Pará, e a
audiência com a empresa está marcada para as 9 horas da amanhã de
hoje (17). Mesmo com a pressão do exército, que está no local, os
atingidos continuarão mobilizados até obterem conquistas concretas.
"Fazem 20 anos que esperamos, a energia produzida por Tucuruí é
toda exportada e mais de 20 mil famílias atingidas não tem luz
elétrica em casa, isso é uma contradição e deve acabar", desabafa
Roquevam Alves da Silva, um dos coordenadores do MAB na região.
No Paraná, depois de entregarem uma pauta de reivindicações para o
gerente do Banco do Brasil na manhã de terça, reivindicando
providências para as perdas causadas pela seca que assolou a
região, e de fazerem bloqueios em rodovias, parte dos
manifestantes se deslocaram para entregarem ao presidente Lula, em
Coronel Freitas/SC, um documento solicitando a liberação de
recursos do governo federal aos atingidos pela seca. Ontem eles
participaram de uma audiência pública que acontece na região com a
presença do Instituto Ambiental do Paraná/IAP e da empresa ALJOR,
construtora da barragem Santa Clara, sob o Rio Jordão, em
Candoi/PR. Os atingidos exigem a imediata suspensão da liberação
para operação da obra.
Na Bahia, os atingidos continuam mobilizados e ontem foram
recebidos pelo chefe do Ibama de Barreiras, Carlos Augusto Araújo
Santos. Na reunião, foi apresentada a pauta que exige do órgão
ambiental providências quanto à devastação do cerrado para
instalação de carvoeiras e expansão do agronegócio. O MAB denuncia
fraudes do Ibama que beneficiam carvoeiros e plantadores de soja,
que estão destruindo as margens e cabeceiras da maioria dos rios
que passam pela região.
Ainda para esta semana estão previstas ações em vários estados,
entre eles na Paraíba, Ceará, Minas Gerais e São Paulo.
Atingidos por barragens continuam presos
Em Campos Novos/SC, as cinco lideranças do Movimento continuam
presas. As prisões ocorreram arbitrariamente na madrugada de
sábado. "Este é um legítimo caso de prisões políticas e foram
acionadas pela juíza de Campos Novos, Adriana Lisboa, sem sequer
constar de processo contra os camponeses", fala Leandro Scalabrin,
advogado do MAB.
André Sartori, liderança do MAB na região, diz que hoje acontecerá
um ato público em defesa dos presos. Atingidos e a população de
toda a região estarão em Campos Novos para o ato de protesto. Uma
campanha nacional e internacional está sendo implantada para a
libertação dos presos, pressionar a justiça e denunciar casos de
violação dos direitos humanos como este que aconteceu em Campos
Novos. Cartas e notas estão chegando de várias entidades e países
em solidariedade aos presos, suas famílias e à luta do Movimento.
Audiências com o Governo
Nesta semana o MAB foi recebido pelo Ministério da Justiça. Na
audiência com Pedro Abramovay, assessor especial do ministério,
estiveram presentes Dom Orlando Dotti, bispo emérito da diocese de
Vacaria/RS, o Relator Nacional do Programa de Voluntários das
Nações Unidas, Jean Pierre Leroy, e representantes da direção
nacional do MAB. Na situação foram denunciadas as situações de
conflito em Minas Gerais, Campos Novos/SC, na última semana e a
presença do exército em Tucuruí para vistoriar ações do MAB,
conforme veiculado pelo jornal O Globo, de 23 de fevereiro.
Jean Pierre ressaltou que é necessária e urgente que o governo
tenha uma outra concepção de segurança pública e que o Ministro
Márcio Thomás Bastos tome imediato conhecimento da situação.
Abramovay considerou que as denúncias são realmente graves e que
encaminhará a solução destes casos para os órgãos competentes do
ministério e para a Secretaria Nacional de Direitos Humanos.
Preocupados com as situações de conflito, MAB e governo agendaram
reuniões buscando agilizar negociações, sendo que as mesmas
culminarão em uma audiência entre o presidente Luís Inácio Lula da
Silva e o Movimento dos Atingidos por Barragens. A data será
confirmada nas reuniões da próxima semana.
Setor de Comunicação do MAB