Camponeses se mobilizam contra as barragens e por garantias
Se mobilizaram em Coronel Vivida/PR, região sudoeste do
Paraná, mais de 1200 atingidos por barragens e pela seca que
há mais de três meses assola o sul do país. Movimentos
sindicais também de mobilizam juntamente com o Movimento dos
Atingidos por Barragens/MAB. Pela manhã, a ação foi um ato
público com passeata pela cidade e a tarde foi feito um
bloqueio de rodovia próxima ao município de Pato Branco (PR).
Segundo Hélio Mecca, coordenador do MAB na região, a seca na
região foi muito forte e será difícil para os pequenos
agricultores se reestabelecerem: “No plantio da soja tivemos
quase perda total e na safra do milho, a perda foi de mais de
50%. Se os governos não investirem recursos para os pobres do
campo, a grande maioria dos municípios, que dependem da
pequena agricultura, estarão quebrados, inclusive o comércio
das pequenas cidades”, afirma Mecca.
Mas a mobilização do Paraná também se une a Jornada Nacional
de Lutas, no dia Internacional de Lutas Contra as Barragens.
Na bacia do Rio Chopim, que passa pela região sudoeste do
estado, existem projetos para a construção de 13 barragens.
Hélio Mecca diz que dois deles estão em fase de licenciamento
e que para o início das obras só falta o Instituto Ambiental
do Paraná/IAP dar o aval positivo. Os 13 projetos da Bacia do
Rio Chopim atingirão diretamente 9 municípios e mais de 1300
famílias.
* Atingidos por barragens denunciam exploração do cerrado
Na manhã de hoje (15) 350 camponeses, atingidas por barragens
e agentes de pastoral da Bahia, ocuparam a sede da Companhia
de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, em Barreiras/BA.
A sede do IBAMA fica no mesmo local e também é alvo da
mobilização. A ação faz parte da jornada nacional de lutas
organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB em
várias partes do país. Todos os anos atingidos por barragens
de todo mundo se mobilizam na semana do dia 14 de março
reivindicando seus direitos e se engajando no dia
Internacional de Lutas Contra as Barragens.
Junto com o MAB, se mobilizam as paróquias da região,
pastorais, entre elas a Comissão Pastoral da Terra,
quilombolas, Coordenação dos Trabalhadores Acampados e
assentados/CETA e MST. Segundo Raquel Barbosa, a motivação
para a mobilização são as carvoarias e a disseminação da
monocultura que vem para a região. Ela acrescenta que junto a
isso estão intimamente ligados os projetos de construção de
barragens que expulsarão milhares de pessoas em todo o oeste
baiano.
Os trabalhadores denunciam que grandes fazendeiros e
grileiros estão destruindo toda a região oeste do estado para
a monocultura, principalmente para o plantio da soja. As
carvoarias também estão tomando conta da região, e o
desmatamento do cerrado está descontrolado. Os atingidos
denunciam que o IBAMA é fraudulento e libera licenças para o
desmatamento do cerrado. “Os grandes fazendeiros e os
grileiros chegam na região e desmatam toda a cabeceira e a
costa dos rios e isso traz um problema gravíssimo para os
moradores. Os agentes do IBAMA ignoram isso e permitem a
devastação. Todos os rios da região estão ameaçados”, afirma
Barbosa.
Será entregue uma pauta de reivindicação para o IBAMA, para
órgãos ambientais estaduais e para a prefeitura. Os acampados
montaram acampamento na cidade e a previsão é de que
continuem mobilizados até amanhã. As mobilizações do 14 de
março estão acontecendo também em Rondônia, no Paraná e no
Pará, outras regiões se preparam para entrar em mobilização
durante os próximos dias.
Contato na região: Raquel Barbosa: 77.9961.1381
* Atingidos ocupam barragem de Tucuruí/PAz
Mesmo com a presença do exército há mais de 15 dias na
região, cerca de 1.200 atingidos por Tucuruí ocuparama
a eclusa da barragem no início da manhã de hoje (15),
impedindo a continuação das obras. Atingidos que moram
distante da barragem continuam chegando ao local e a previsão
é de que até a tarde, mais de 2200 pessoas estejam se
manifestando.
Pela manhã os atingidos montaram acampamento onde
permanecerão até que soluções não sejam apontadas pela
Eletronorte, empresa responsável pela construção da obra.
Segundo as lideranças, a polícia e o Exército estão no local
e observam a movimentação dos atingidos. Elas denunciam que
na última semana o exército esteve revistando todos os
veículos que circulavam na região, inclusive ônibus
escolares, impedindo as crianças de estudarem. Segundo
Roquevam Alves da Silva, um dos coordenadores do MAB em
Tucuruí, o que o exército vem fazendo é uma vergonha: “Ao
invés de fiscalizar os madeireiros que devastam a floresta e
ameaçam de morte os atingidos, tenta inibir qualquer
manifestação que busca solucionar os problemas sociais do
povo”, afirma Silva.
A barragem de Tucuruí foi construída durante a ditadura
militar e está localizada no rio Tocantins. A obra expulsou
mais de 32 mil pessoas e até hoje muitas delas sequer foram
indenizadas. Segundo relatos da época, agentes químicos
chegaram a ser lançados sobre a mata para forçar a saída da
população. Vinte mil pessoas acabaram se refugiando na beira
do lago e nas ilhas formadas com o enchimento do
reservatório, concluído em 1984.
Com a mobilização, os atingidos esperam a solução para os
problemas que ainda não foram solucionados. Eles solicitam da
eletronorte a solução definitiva dos problemas sociais e
ambientais dos expropriados, a solução para os problemas dos
pescadores da jusante que pescam no pé da barragem e das
famílias que estão sendo afetadas com a explosão da eclusa.
As mobilizações também são uma ação conjunta dos atingidos da
região amazônica contra os projetos de barragens do governo
federal tem para o Rio Madeira. Eles dizem que os projetos
existentes e a barragem de Belo Monte terão o mesmo fim que
teve a barragem de Tucuruí: exportar energia e deixar a
população na pobreza.
Energia produzida não beneficia a região
Dois terços da energia gerada em Tucuruí destina-se ao
abastecimento de quatro indústrias de alumínio, pertencentes
a multinacionais norte-americanas e canadenses, instaladas no
Pará e no Maranhão. As vinte mil pessoas atingidas que moram
nas ilhas e na beira do lago, além de não receberem
indenização pelos danos causados, também não possuem energia
elétrica.
A energia que falta na casa das famílias atingidas e de boa
parte da população brasileira é distribuída para as
multinacionais do alumínio a preços subsidiados pelo Governo
Federal. Nos últimos 20 anos, os subsídios na conta de luz
das indústrias alcançaram a soma média de 200 milhões de
dólares por ano. Se esses recursos públicos fossem destinados
à reforma agrária, seria possível assentar 514 mil famílias
de trabalhadores rurais.
* Atingidos bloqueiam acesso à hidrelétrica de Samuel em
Rondônia
Ação marca passagem da semana do dia 14 de março, dia
internacional de luta contra as barragens
Por volta das 3hs desta manhã, 500 agricultores e pescadores
atingidos pela Hidrelétrica de Samuel em Rondônia, bloquearam
a BR 364 que dá acesso à barragem. Neste momento, os
atingidos estão impedindo a entrada e saída dos funcionários
da usina. A UHE de Samuel está localizada sobre o Rio Jamari,
a 47km da capital do Estado, Porto Velho. Construída pela
Eletronorte durante a década de 80, a barragem de Samuel
expulsou cerca de mil famílias de suas terras, a maioria
aguarda até hoje reparação.
A mobilização em Rondônia faz parte da jornada de lutas
organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
para marcar a passagem da semana do 14 de março, dia
internacional de luta contra as barragens. Além do bloqueio à
hidrelétrica de Samuel, o MAB está ocupando parte da Usina
Hidrelétrica de Tucuruí no Pará e a sede da Companhia de
Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba
(Codevasf) na Bahia. Também há um bloqueio de rodovia próxima
ao município de Pato Branco (PR), contra a construção de
barragens neste estado. Nos próximos dias, novas ações devem
ocorrer em diferentes partes do país.
Segundo Wesley Ferreira Lopes, da coordenação do MAB em
Rondônia, os atingidos permaneceram mobilizados até que a
Eletronorte proceda encaminhamentos concretos para solucionar
os problemas causados pela barragem de Samuel. “Estamos
lutando há duas décadas e não vamos desistir”, afirma o
dirigente. Segundo levantamentos feitos na região, 650
famílias esperam reassentamento. Na década de 80, as poucas
famílias atingidas reassentadas foram deslocadas para a
localidade de Linha Triunfo, sem que fossem garantidas
condições para manutenção e retomada da produção. No local, a
Eletronorte também não construiu casas e nem escolas para as
famílias expulsas.
Mais informações: (69)224-6373 ou 224-4800