Mobilização da seca

2005-03-08 00:00:00

Cerca de 15 mil camponeses da Via Campesina - articulação que integra, entre outros movimentos, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores) e o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) estão mobilizados em rodovias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina exigindo medidas emergenciais dos governos para amenizar os estragos provocados pela seca.

No RS as mobilizações acontecem em Pelotas, Livramento, Cruz Alta, Santa Cruz, Sarandi, Santo Augusto, Erechim e Frederico Westphalen. Já em SC as ações acontecem no Lages, Chapecó, São Miguel D’Oeste e São Joaquim. Neste momento,

Na avaliação da Via Campesina, as medidas até agora apresentadas pelo Governo do Estado são insuficientes. Também é esperado que o grupo interministerial criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva adote medidas concretas para minimizar as perdas sofridas pelos agricultores camponeses. Hoje, às 14h30, na Casa Civil, representantes da Via Campesina, Fetraf e parlamentares participarão da primeira reunião do grupo.

Os agricultores reivindicam créditos emergenciais para a revitalização da produção e para a manutenção das famílias no campo, alongamento do prazo para o pagamento das dívidas e a realização de um laudo de perdas generalizado. Mas alerta que não basta apenas adotar medidas emergenciais: é preciso um debate amplo sobre o modelo de desenvolvimento agrícola e industrial, que através do desrespeito ao meio ambiente e à biodiversidade vem provocando uma desordem no clima global.

Contato:

Plínio Simas (MPA): 55 9964 2684
Paulo: 51 9989 1822
Isaías: 51 9994 8978

Abaixo, texto da Via Campesina que está sendo distribuído nas mobilizações:

Acampamento Camponês dos Atingidos pela Seca

As famílias dos pequenos agricultores e assentados da reforma agrária são responsáveis por mais de 60% da comida que chega na mesa do trabalhador. Porém, com a forte seca deste ano, a safra dos camponeses do Rio Grande do Sul será totalmente perdida.

E não é apenas a agricultura que corre riscos. Há vários setores e empregos que dependem da agricultura, como o transporte, o comércio, a arrecadação das prefeituras, etc. Se a agricultura quebrar, centenas de municípios no Estado quebrarão também.

O que queremos:

Exigimos que os governos federal, estadual e municipal prestem socorro imediato aos camponeses (as) do Rio Grande do Sul que não suportam dois anos consecutivos de seca.

Frente ao empobrecimento da população camponesa exigimos políticas que garantam as condições de infra-estrutura para manter as atividades de produção de alimentos em nossas comunidades camponesas.

Para que cada ano o Rio Grande do Sul não passe por uma nova calamidade como esta, é preciso que os Governos tenham políticas estratégicas de redução dos efeitos climáticos e de preservação ambiental.

Por isso, emergencialmente, exigimos:

Crédito para Subsistência Familiar: no valor de R$ 3,6 mil por família, para garantir o sustento das famílias prejudicadas com a seca e impedir que deixem o campo para disputar empregos nas cidades ou engrossar as favelas nos centros urbanos.

Crédito para revitalização e subsistência das atividades agrícolas e pecuárias: no valor de R$ 2,4 mil por família, para que estes agricultores possam reestruturar suas propriedades, adquirindo sementes, investir na subsistência familiar e produção diversificada.

Seguro Agrícola: que garanta a reposição de perdas do conjunto das atividades rurais e que dê estabilidade às famílias camponesas.

Além destas medidas emergenciais, queremos que os governos agilizem o Proagro Mais, a liberação de recursos para as próximas safras, que disponibilizem assistência técnica, invistam em obras de infra-estrutura como açudes e armazenagem de água, e que prorroguem o pagamento de créditos das famílias prejudicadas pela seca, entre outras. Nossa luta é para permanecer no campo e alimentar o Brasil.

Via Campesina