Com as atingidas e atingidos em marcha, a luta segue
Março é o mês de lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens. As manifestações que faremos neste ano em todo o país serão para denunciar que o preço da luz é um roubo, que quem paga a conta são os trabalhadores e quem fica com o lucro são as empresas, para denunciar que o desastre com o rompimento da barragem em Mariana é um crime contra o povo e que a Vale é culpada, e para exigir a Política Nacional dos Atingidos por Barragens e as demais reivindicações dos atingidos de Mariana e de todo o Brasil.
Portanto, consideramos que essa jornada de mobilização não é apenas dos atingidos pelos lagos, pois toda a população é afetada pela privatização da água e da energia, pelas altas tarifas da energia, pelo dinheiro público investido em obras que só aumentam o lucro das empresas privadas e por desastres como o que aconteceu em Mariana.
Neste ano nossas lutas serão nos dias 8 e 9 de março, trazendo a visibilidade da luta das mulheres, e no Rio de Janeiro faremos atos juntamente com outros movimentos sociais para dizer à sociedade que a construção de barragens é fundada no amplo desrespeito aos atingidos, e o descaso com seus direitos é, ao mesmo tempo, incompetência e excelência do atual modelo do setor elétrico, que a cada ano anuncia recordes de lucro e envia bilhões de reais para a sede de suas empresas privadas na Europa e Estados Unidos.
E aos brasileiros? Fica a lama de Samarco, a conta exorbitante da luz todo mês, o descaso com quem é tirado de sua terra para dar lugar a um lago de barragem!
Ao mesmo tempo, o Estado brasileiro, suas autarquias e estruturas, entre elas o BNDES e a Eletrobras, não atendem a compensação social e os direitos dos atingidos, ao contrário do que acontece em outros países e, ao final, são responsáveis por essa situação ao criar as condições jurídicas, econômicas e institucionais para que as empresas do setor elétrico tenham as melhores condições para os maiores lucros.
Sim, estamos passando por um período decisivo da história do nosso país. E cabe aos trabalhadores e trabalhadoras a luta conjunta para defendermos da ganância privatista o patrimônio nacional e as riquezas naturais estratégicas. Nos cabe também denunciar que a Vale é a culpada pelo crime contra o povo de Mariana e de toda a bacia do Rio Doce. Por fim, nos cabe lutar pela nossa terra, pela nossa vida, pois para nossos direitos, só a luta faz valer!