MST apoia a luta dos camponeses do México contra milho transgênico
O setor de relações internacionais do MST enviou uma carta aos movimentos sociais de camponeses do México, organizados na União Nacional de Organizações Camponesas Autônomas Regionais (Unorca), para manifestar apoio à luta contra a aprovação dos transgênicos.
“Vocês estão fazendo uma batalha fundamental, na vanguarda do processo de barrar o avanço do capital, que quer dominar nossas terras, nossa água, nossos recursos naturais, nossas sementes e os nossos alimentos”, diz a nota do MST.
Desde a semana passada, os movimentos de camponeses fazem protestos e militantes fazem uma greve de fome em frente ao Monumento Angel, símbolo da independência da Espanha na Cidade do México, contra as empresas transnacionais do agronegócio.
Os movimentos sociais do México fazem uma grande campanha contra as transnacionais Monsanto, DuPont e Dow, que pressionam pela autorização do governo para plantar 2,4 milhões de hectares de milho transgênico no México.
Essa superfície é equivalente ao tamanho de El Salvador. A situação é grave, já que o México é o centro da diversidade do milho no mundo, onde existem milhares de variedades nos campos das comunidades camponesas e indígenas.
O milho é um dos três principais alimentos em escala global, pelo que a contaminação dos milhos no México por transgênicos perigosos representa uma ameaça a todo o planeta.
“Transmito todo o meu apoio aos meus irmãos e irmãs em líderes camponeses do México que protestam para parar a iminente aprovação pelo Governo do México do plantio comercial em grande escala de milho transgênico”, afirmou Henry Saragih, coordenador Global da Via Campesina.
Peter Rosset, assessor da Via Campesina, coloca a questão da iminente aprovação do milho transgênico no México no contexto global de ofensa grande capital no campo, que inclui expansão concessões de mineração, os agrocombustíveis e os investimentos de turismo, que terminam na desapropriação e deslocamento das comunidades rurais.
Segundo ele, empresas como a Monsanto querem abrir novos mercados para as sementes transgênicas, como no Equador e da Bolívia, e gastam dinheiro para fazer "campanhas de mentiras", como fez na Califórnia para derrotar o referendo sobre a rotulação de produtos geneticamente modificados.
Ana de Ita, do Centro de Estudos para a Mudança Rural no México, afirma que o país enfrenta uma "emergência nacional" pelo iminente liberação comercial de milho transgênico, que em seis meses poderá estar nas tortillas dos consumidores de grandes cidades. Para ela, isso representa uma ameaça às variedades nativas de milho pela contaminação transgênica.
Abaixo, leia a nota enviada pelo MST:
Estimados companheiros e companheiras da União Nacional de Organizações Camponesas Autônomas Regionais (UNORCA)
Lutadores do povo Mexicano e de nossa América,
estamos acompanhando com muita atenção e carinho o desenrolar dessa luta importantíssima contra as sementes transgênicas, em especial em defesa de nosso milho.
Vocês estão fazendo uma batalha fundamental, na vanguarda do processo de barrar o avanço do capital, que quer dominar nossas terras, nossa água, nossos recursos naturais, nossas sementes e os nossos alimentos.
Já desde o final do século 19, nos advertia o grande pai da pátria latino-americana José Martí, quando disse: “ai do povo que não tiver controle sobre seus alimentos, pois será um povo escravo, de quem os fornecer!”
Por isso, essa luta é não apenas em defesa dos camponeses, mas dos nossos povos latino-americanos contra a sanha das empresas transnacionais do agronegócio.
Temos muito orgulho de vossa disposição de luta, teimosia, resistência, que honram o passado glorioso do povo mexicano de sua luta anti-colonial, anti-latifundiária e anti-imperialista, da qual Zapata e tantos outros foram seus líderes.
Queremos desde o Brasil enviar um abraço fraterno e solidário. Sigam em frente! Da resistência e coragem de vocês dependerão outras lutas na América do Sul contra os transgênicos.
Vocês são toda a América Latina. Estamos com vocês. Não desanimem, não esmoreçam!
Um forte abraço de todos militantes do MST e dos movimentos sociais do campo aglutinados na Via Campesina Brasil
Coordenação Nacional do MST
Via Campesina Brasil