Em debate o diálogo para democratizar a comunicação
Entre os dias 9 e 10 de agosto, atores de comunicação, representantes de movimentos sociais e outros participantes de diversos países da América Latina se encontram em Assunção Paraguai, debatendo e discutindo ideias no seminário “Um diálogo necessário para democratizar a comunicação e impulsionar a integração”, como atividade prévia ao IV Fórum Social Américas. O Secretário de Comunicação da Presidência do Paraguai Augusto dos Santos ressaltou durante a abertura do seminário que a situação da comunicação deve ser discutida e afirmou que os meios estatais devem estar nas mãos do povo.
Os povos indígenas da Colômbia enviaram uma carta, comungando com os participantes que o seminário seja um espaço amplo de integração e de reflexão sobre a comunicação, entre outros pontos a carta relatava que “negar o direito ao acesso a meios massivos e públicos, é o mesmo que a aquisição, administração e apropriação de meios indígenas em nível comunitário, regional, nacional e internacional pelos Estados nacionais colonizadores, aspecto que vimos reclamando como parte de nosso exercício de autodeterminação coletiva”.
Foi ressaltado no encontro que 9 de agosto, data da abertura, é o Dia Internacional dos Povos Indígenas, e que as propostas deveriam conter subsídios para o debate na Cúpula Continental de Comunicação Indígena do Abya Yala que será realizada de 8 a 12 de novembro de 2010 no Território de Convivência, Diálogo e Negociação Resguardo Indígena da Maria em Piendamó, Cauca na Colômbia.
Estiveram presentes Osvaldo León da ALAI, Equador, Néstor Buzzo de ALER, da Argentina, Ilde Silvero do Paraguai, Tamara Roselló do Centro Martín Luther King de Cuba, entre outras pessoas entidades, acadêmicos, jornalistas e movimentos sociais, que juntos compartilharam leituras do atual contexto sobre a comunicação na América Latina, iniciativas de comunicação nacionais com um olhar crítico e propositivo ao sistema econômico que usa os meios de comunicação para fazer-se propaganda.
“É necessário avançar em uma agenda social de comunicação, porque não é possível entender integração sem comunicação”, manifestou Osvaldo León, que ressalta ser importante e urgente resgatar o sentido da comunicação e dar mais um passo para encarar os desafios entre atores da comunicação, representantes de governo e movimentos sociais. “Alcançar uma sintonia entre o dizer e o fazer é um desafio”, assinala Tamara Roselló. Desafio que nos perturba porque se não há um diálogo permanente, coerente e conseqüente desde os mesmos movimentos sociais, será muito difícil harmonizar a palavra e a ação, tal como o manifesta o povo indígena Nasa desde a Colômbia:
“A palavra sem ação é vazia,
A ação sem palavra é cega,
A palavra e a ação fora do espírito da comunidade, São a morte”
Assim como são múltiplos as contradições e os obstáculos que limitam alcançar uma integração comunicativa, também deveriam ser diversas e amplas as alternativas para um verdadeiro diálogo entre povos que permita uma articulação transformadora. Em tal sentido, Tamara Roselló ressalta que devemos enxergar a comunicação como um “espaço de encontro da pluralidade que somos, como modos de ver e entender a vida. Partilhar o pensamento, a ação, a palavra e a escuta ativa”.
Desta maneira avança o encontro em Assunção Paraguai no marco do IV Fórum Social Américas (FSA) de 11 a 15 de agosto.