MST recebe apoio de Jackson Lago, ex-governadores e parlamentares
Um ato político realizado nesta quinta, dia 14, em Brasília, marcou o apoio de dezenas de governadores e parlamentares ao Movimento Sem Terra. A atividade ocorreu durante o 5º Congresso do movimento, que termina nesta sexta, dia 15. Uma das presenças mais aplaudidas foi a do governador do Maranhão, Jackson Lago, cujo passado político traz passagens como a amizade com Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas das décadas de 50 e 60. Sentindo-se em um "santuário" da luta pela reforma agrária, Lago destacou a importância dos apoios políticos conquistados pelo MST na sua história. "Os apoios permitiram que o MST se tornasse maior que as Ligas Camponesas", disse.
O governador maranhense não deixou de tocar nas denúncias de que teria envolvimento com a corrupção na construção de obras por empreiteiras. Para Lago, trata-se de uma jogada política da oligarquia derrotada no Estado após quatro décadas de poder. "Não vão conseguir me atrair para o lodaçal de corrupção no qual sempre viveram", completou.
O ex-presidente Itamar Franco enviou uma mensagem ao Congresso do MST, lida durante o ato. Na carta, ele se diz orgulhoso de ter sido o primeiro presidente da República a receber os sem-terra no Palácio do Planalto, e enfatiza sua relação com o MST no período em que foi governador de Minas Gerais, entre 1998 e 2002. "Orgulho-me de nunca ter cumprido nenhuma liminar de reintegração de posse", disse na carta.
O tema da repressão também foi tratado pelo vice-governador do Ceará, Francisco Pinheiro. Depois de uma greve de trabalhadores em que um manifestante foi ferido por um tiro de borracha, o governo probiu o uso de armas pela Polícia Militar em mobilizações de movimentos sociais. "O movimento social não é criminalizado, nem tratado com cacetete e fuzil", disse.
Missões Guarani
Gaúcho da região das Missões, o ex-governador e ex-ministro das Cidades Olívio Dutra lembrou da experiência das Missões Guarani do século 18 para dizer que os movimentos de luta pela terra devem buscar inspiração no "subsolo dos povos". Para Olívio, as reduções jesuíticas construíram uma sociedade de cunho socialista, sem propriedade privada da terra. "Para que uma árvore dê bons frutos, deve ter uma raíz forte", disse.
Olívio Dutra defendeu a Reforma Agrária como mecanismo para desconcentrar o poder econômico e político no Brasil, que necessita radilzar sua democracia. "O povo tem que se empoderar do País, para que o Brasil seja de fato uma nação", afirmou.
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) também se manifestaram. O deputado paranaense é o coordenador da recém lançadas Frente Parlamentar em Defesa da Terra, que pretende fortalecer as posições dos políticos sobre temas como transgênicos, biodiversidade e Reforma Agrária.
Falaram também o diretor de desenvolvimento do Banco do Nordeste, Pedro Lapa, o secretário da Reforma Agrária de Minas Gerais, Manoel Costa, e a secretária de Justiça e Direitos Humanos do Pará, Socorro Gomes. O governador do Paraná, Roberto Requião, enviou uma mensagem ao congresso, lida durante o ato. Na quarta-feira, o governador baiano, Jaques Wagner, compareceu ao encontro.