Boicote os produtos Nestlé

2004-04-21 00:00:00

Há alguns anos a Nestle vem utilizando os poços de água
mineral de São Lourenço para fabricar água marca PureLife.
Diversas organizações da cidade vem combatendo a prática, por
diversas razões.

As águas minerais, de propriedades medicinais, e baixo
custo, eram uma eficiente e barata forma de tratamento médico
para diversas doenças. Essa forma de tratamento entrou em
desuso pela maciça campanha, a partir dos anos 50, dos
laboratórios farmacêuticos interessados em vender suas
fórmulas químicas através dos médicos. Mas o poder dessas
águas permanece. Recentemente um médico municipal curou a
anemia das crianças de uma escola de baixa renda apenas com
água ferruginosa.

Para fabricar a PureLife, a Nestlé desmineraliza a água
e acrescenta sais minerais de sua patente. A desmineralização
de água é proibida pela Constituição. Cientistas europeus
afirmam que ao desmineralizar a água, a Nestlé desestabiliza
a mesma e precisa acrescentar sais minerais para fechar a
reação. Em outras palavras a PureLife é uma água química sem
estudo de riscos à saúde. A Nestlé está faturando em cima de
um bem comum, a água, além de o estar esgotando por não
obedecer as normas de restrição de impacto ambiental e
expondo a saúde da população a riscos desconhecidos. O
ritmo de bombeamento da Nestlé está acima do permitido. Troca
de dutos na presença de fiscais é rotina.

O terreno do Parque das Águas de São Lourenço está
afundando devido ao comprometimento dos lençóis subterrâneos.
A extração em níveis além do aceito estão comprometendo os
poços minerais, cujas águas tem um processo lento de
formação. Dois poços já secaram. Toda a região do sul de
Minas está sendo afetada, inclusive estâncias minerais de
outras localidades. Durante anos a Nestlé vinha operando sem
mesmo licença estadual. É curioso como finalmente obteve
essa licença no início de 2004. (Periodicamente lançam
através da imprensa matéria condenando nossas águas, as
mesmas que engarrafam e vendem a preço alto. E ainda poluem a
natureza com suas garrafas pláticas).

Um dos brasileiros atuantes no movimento de defesa das
águas de São Lourenço, Franklin Frederick, após anos de
tentativas frustradas junto ao governo e imprensa para
combater o problema, conseguiu o apoio, na Suiça,para
interpelar e empresa criminosa. A Igreja Reformista, a Igreja
Católica, Grupos Socialistas e a ong verde ATTAC uniram
esforços contra a Nestle, que já havia tentado a mesma
prática na Suiça. Em janeiro deste ano, graças ao apoio
conjunto desses grupos, Franklin conseguiu interpelar,
pessoalmente e em público, o presidente mundial do Grupo
Nestle. O mesmo, irritado, respondeu que mandaria fechar
imediatamente a fábrica da Nestlé em São Lourenço.

No dia seguinte, o governo de Minas (PSDB), baixou
portaria que regulamentava a atividade da Nestlé. Ao invés
de multas, uma autorização, mesmo ferindo a legislação
federal. Ao invés de aproveitar o apoio internacional para o
caso, apoio a uma corporação privada de histórico duvidoso.
Se a grande imprensa brasileira, misteriosa e
sistematicamente vem ignorando o caso, o mesmo não ocorre na
Europa, onde o assunto ganhou manchetes em vários jornais, em
diversos idiomas. E mesmo duas matérias de meia hora na
televisão. Em uma dessas matérias, o vereador Cassio Mendes,
do PT de São Lourenço, envolvido na batalha contra a
criminosa Nestlé, reclama que sofreu pressões do Governo
Federal (PT ), para calar a boca. Teria sido avisado que o
pessoal da Nestlé apóia o Programa Fome Zero e não está
gostando do barulho em São Lourenço. Diga-se de passagem
que a relação espúria da Nestlé com o Fome Zero é outro caso
sinistro.

A empresa incentiva, como estratégia de marketing, para
que os consumidores comprem seus produtos, alegando que
reverte lucros para o Fome Zero. E qual é a real
participação da Nestlé no programa? Contratação dos agentes,
com suspeitas, não esclarecidas ainda, de que também forneça
o treinamento. Sim, a Nestlé, famosa por ser alvo
internacional de organizações que denunciam sua prática de
propaganda mentirosa, enganando mães e educadores para
substituição de leite materno por produtos Nestlé.

A vendedora de leites e papinhas "substitutivos"
estaria envolvida com o treinamento dos agentes brasileiros
do Fome Zero, recolhendo informações e fazendo lucro e
campanha publicitária de seus produtos nas duas pontas do
programa: compradores desejosos de colaborar e famintos
carentes de comida e informação. Mais preocupante: o
Governo Federal anuncia que irá alterar a legislação,
permitindo a desmineralização "parcial" das águas. O que é
isso? Como será regulamentado? Se a Nestlé vinha bombeando
água além do permitido e a fiscalização nada fez, como irão
fiscalizar a tal desmineralização "parcial"? E por que
alterar a legislação em um item que apenas interessa à
Nestlé? O que nós cidadãos ganhamos com isso? Sabemos que
outras empresas, como a Coca-Cola, estão no mesmo caminho da
Nestlé, adquirindo terrenos em importantes áreas de fontes de
água. É para essas empresas que o governo governa? Além do
que, a desmineralização, "parcial" ou "integral", é uma
prática combatida por cientistas e pesquisadores, como
exposto acima.

Colabore. Transmita estas informações para outras
pessoas. Boicote os produtos Nestlé e Coca-Cola,
principalmente as águas. Exija instalação de bebedouros nas
escolas.

Mais informações sobre o caso Nestlé em
www.cidadaniapelasaguas.net