O governo dos EUA quer ser o xerife do planeta
O modelo neoliberal transformou a sociedade estadunidense
em um sistema perverso e antidemocrático. Esta foi a
avaliação do professor argentino de ciências sociais
Atilio Borón, no dia 28, durante a conferência "Alca:
livre comércio e desenvolvimento", atividade do III
Encontro Hemisférico de Luta contra Alca, que ocorre até
o dia 29, em Havana, Cuba. Para ele, o governo dos
Estados Unidos quer ser o xerife do mundo e transpor, por
meio de acordos de livre comércio e intervenções
militares, o modelo de sua sociedade em todos os países
do planeta.
Borón explicou que o povo dos Estados Unidos foi
despossado de seus direitos de cidadão. Isto porque o
sistema de eleições deste país é controlado por
corporações, que financiam parlamentares e regulam as
políticas públicas. Para o professor argentino, a
situação é agravada pela desinformação e desinteresse do
povo dos Estados Unidos em relação à democracia. "A
maioria dos estadunidenses perdeu a noção do que é a
coisa pública, a vida em comunidade, a vida em família",
comentou.
Segundo Borón, os valores que dominam os Estados Unidos
são impostos pela política neoliberal de seu governo.
"Neste país, só vale a lei das corporações e quem não a
seguir vai preso", explicou. Os Estados Unidos são o país
com a maior população carcerária do mundo. Por exemplo,
em Califórnia, um de seus estados, há 150 mil detentos –
mais do que a quantidade que há no Reino Unido e na
Alemanha somada.
O modelo neoliberal da sociedade dos Estados Unidos,
Borón disse, engendrou a perda de laços familiares e
comunitários do país. "Tudo se transformou em mercadoria,
da relação entre pais e filhos à de vizinhos e amigos",
comentou.
Borón salientou que, apesar de seu poder militar, o
governo estadunidense nunca esteve tão vulnerável quanto
agora. Segundo o professor argentino, a invasão do Iraque
é um fracasso da política dos Estados Unidos, porque o
povo iraquiano resiste à opressão e não legitima a
administração de Bush. "O império estadunidense é
poderoso, mas a história nos ensina que nenhum império é
indestrutível", afirmou.