Conferência aponta desafios para a luta contra a Alca
Dando prosseguimento às atividades do III Encontro Hemisférico de
Luta Contra a Alca, a conferência Luta contra a Alca: Única Opção
de Independência e Soberania, no dia 26, teve como conferencista o
dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João
Pedro Stedile, que iniciou sua participação dizendo que a Alca é
estratégica para a sobrevivência do capitalismo. Para ele, não se
trata apenas de mais um acordo comercial, pois a Alca é um marco
jurídico para a viabilização da dominação dos Estados Unidos.
Stedile explicou que a conjuntura atual indica que o neoliberalismo
está em crise e que o padrão de acumulação de capital está saturado,
e este precisa buscar novas formas de dominação para se sustentar.
Ao mesmo tempo, salientou, existe uma necessidade de impedir o
avanço das forças de resistência que se manifestam por meio das
mobilizações populares. O conferencista afirmou que, na américa
Latina, reside o foco de maior luta contra o avanço imperialista.
"Somam-se a isto a eleição de governos que não aceitam seguir como
títeres de Washington", disse.
Segundo Stedile, o Brasil, por ser um dos maiores países do
continente, merece uma avaliação mais detallada. "Ganhamos a eleição
num cenário muito complexo. Externamente existe uma unipolaridade
com a hegemonia dos Estados Unidos. Internamente a economia é
totalmente dependente do capital financiero e há um descenso do
movimento de massas. A sociedade brasileiro vive uma crise de
projeto. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", afirmou.
Diante desse quadro , Stedile apontou os desafios que os movimentos
sociais têm pela frente:
1 . Tomar iniciativas políticas de mobilizações independente da
agenda do inimigo. Romper com a letargia existente para alterar a
correlação de forças.
2. Intensificar o trabalho de conscientização do povo, pois somente
com um povo informado e consciente dos maleficios da Alca é que
conseguiremos derrotar nosso inimigo.
3 . Temos que envolver outros setores da sociedade em nossa luta.
Ex. Prefeituras (compras governamentais), universidades (
privatização do ensino público), etc.
4 . Articular a campanha contra a Alca com outras campanhas. Ex.
contra Omc, contra dívida externa...
5 . Temos que fazer lutas conjuntas, ao mesmo tempo, em todo o
continente.
6. Fazer manifestações em todas as embaixadas dos EUA contra a
reeleição de Bushitler
7 . Temos que construir uma proposta alternativa à Alca.
8. A luta contra a Alca é internacional porém a trincheira é
nacional. Temos que construir um projeto popular alternativo em
nossos países.