Povos latino-americanos contra as transnacionais
Os impactos das transnacionais européias na América Latina e os casos denunciados no Tribunal Permanente dos Povos (TPP) foram tratados hoje na Cúpula pela integração dos Povos, que acontece em Cochabamba, Bolívia.
Trinta empresas transnacionais de origem européia que atuam na América Latina e Caribe foram denunciadas pela sociedade civil internacional ao TPP de praticar irregularidades, violação de direitos humanos, sociais e ambientais. O ato foi realizado durante a Cúpula União Européia-América Latina e Caribe (EU-LAC), em marco deste ano, em Viena.
Para o secretário geral do TPP, o italiano Giovanni Tognoni, o Tribunal é para ouvir a voz do povo e o que acontece na América Latina. “Ao longo dos 30 anos de existencia, o Tribunal tem feito uma pressao junto aos diferentes países denunciados. Esse tribunal se encontra como ponto de encontro para todos os povos e redes, buscando alternativas para os casos. Ao se referir as transnacionais, Giovanni disse que essas empresas “tem sido uma ferramenta dos governos que se relaciona com as multinacionais para garantir o máximo da flexibilidade”, disse o secretário.
Durante o encontro, representantes da Assembléia do Povo Guarani (APG) relataram os prejuízos que tem causado ao meio ambiente pelas empresas transnacionais a este país. Em novembro, indígenas guaranis da província boliviana O’Connor, realizaram uma mobilização contra a petroleira hispano-argentina Repsol YPF. Uma das reivindicações foi uma compensação econômica de 44 milhões de dólares.
O representante da APG, Ricardo Gareca, conta que há 10 anos a Repsol prejudica os povos indígenas e o meio ambiente. “Temos uma área de 68 mil hectares e daqui a cinco ou dez anos não sabemos onde viveremos. A empresa está avançando nosso território.
Segundo Ricardo, as perfurações dos poços tem contaminado o meio ambiente e especialmente a água. “Além disso, a fauna está sumindo e não podemos mais caçar. Temos esperança na Lei de hidrocarbonos que está pronta, mas deve ser revisada para depois ser aprovada pelo Congresso”, conclui Ricardo.
O argentino Martins Velásquez, que vive na Patagônia também denunciou as ações das petroleiras em seu país. “Essas empresas só exploram e nunca fizeram nada pelo nosso povo. Todos os contratos soa nacionais, mas quem quem cobra são as províncias. Não somos consultados para nada. Temos que lutar pelos nossos direitos e o estado deve cumpri-lo e a exploração petroleira tem que deixar de existir na argentina”, afirma Martins.