Movimentos sociais discutem os impactos dos transgenicos na agricultura

2006-12-07 00:00:00

Monsanto já ganhou cerca de 15 milhões de dólares em indenizações

Reunidos na Cúpula pela Integração dos Povos, em Cochabamba, Bolivia, integrantes de movimentos sociais e organizações nao governamentais discutiram os impactos dos transgenicos e da Monsanto na agricultura camponesa. Os Movimentos são os principais atores que atuam contra os transgenicos e as transnacionais no país.

A história da resistencia brasileira contra os transgenicos começou em 1999, quando se iniciou os experimentos da Syngenta e da Monsanto no Brasil. Para o assessor para políticas de segurança alimentar do Inesc, Edélcio Vigna, a pressão popular conseguiu barrar varios experimentos”.

Mesmo com protestos de organizações de todo o mundo, os trasgenicos tem avançado. Segundo Edélcio, os Estados Unidos sao responsáveis por 62% da produção transgenica mundial, seguido da Argentina com 21% e o Brasil, 12%.

A Monsanto é a principal empresa produtora de sementes transgenicas no mundo. De acordo com Marcelo Montenegro, da Action Aid, a Monsanto domina toda a parte de investigacao das sementes nos Estados Unidos e possui todas as patentes das sementes transgenicas. No total, sao 647 patentes biotecnologicas de plantas. “A empresa tem agido de forma muito agresiva com os camponeses estadunidenses. Em alguns casos se nao cumprem o contrato e pagam os royalties, a empresa envia cartas ameacadoras”. Marcelo conta que cada vez mais crescem o número de ações judiciais da empresa contra os camponeses. Nos EUA, a empresa já recebeu mais de 15 milhões de dólares em indenizações”.

No Brasil, os movimentos tem conseguido vítorias importantes. Em novembro, o governador do Paraná Roberto Requião (PMDB) anunciou a desapropriação de uma área de 300 hectares da Syngenta. Em marco, a Via Campesina acusou a empresa de plantar soja transgênica em área ilegal, na zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, considerado como patrimônio da humanidade pela Unesco. A área será destinada ao desenvolvimento de técnicas e experimentos voltados para a agricultura agroecológica.

Para Fabiano Baldo, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)/Via Campesina, a recuperação das sementes crioulas é o principal enfrentamento contra os transgenicos. “Ha milhões de anos, camponeses/as têm conservado, selecionado e melhorado suas sementes e o resultado é uma grande diversidade de cultivos e variedades utilizadas na produção agrícola”.

A Via Campesina realiza em abril de 2007, a Festa das Sementes Crioulas. Um dos mais importantes eventos sobre biodiversidade do país que realizada na cidade de Anchieta, em Santa Catarina. “Essa é uma oportunidade de mostrar o que produzimos, trocar experiencias e fortalecer nossa luta contra os transgenicos. É preciso lutar pela sobenaria alimentar. O povo tem o direito de definir sua própria produção, distribuição e consumo de alimentos”, diz Fabiano.