Combatendo o capitalismo com a soberania alimentar

2012-06-20 00:00:00

O dia 17 de junho foi marcado pela integração das ações da Via Campesina às atividades da Cúpula dos Povos, com o envolvimento de cerca de 2 mil canponeses e camponesas de toda a América Latina, para denunciar as falsas promessas da economia verde para a crise ambiental e alimentar, e lutar pelo fortalecimento da agricultura camponesa como estratégia para a construção de um outro modelo de produção de alimentos, com respeito ao meio ambiente e aos trabalhadores do campo e da cidade.
Para a construção desse modelo de produção baseado na agricultura camponesa, é necessário que se crie condições para a construção da soberania alimentar. Esse foi o tema da Plenária número 3, organizada pela Via Campesina, Marcha Mundial das Mulheres, Associação Nacional de Agroecologia (ANA), o Grupo de Estudos em Agrobiodiversidade (GEA), movimentos quilombolas, indígenas, entre outros, durante as atividades
A proposta de soberania alimentar, que engloba as ações de luta dos povos originários e camponeses para o conjunto de toda a sociedade, é a alternativa que a Via Campesina  propõe às múltiplas crises que vem afetando o planeta em tempos de abertura dos mercados e enfraquecimento dos estados.
“O momento que estamos vivendo é marcado pela diminuição dos papéis dos estados nacionais que vem sendo convertidos a meros administradores das grandes corporações. A construção da soberania alimentar vem resgatar a autonomia dos povos e de suas nações”, analisou o camponês mexicano Halberto Gomes,  dirigente da Via Campesina Norte América.
Para Halberto o modo camponês de produzir alimentos e de se manifestar culturalmente precisa ser fortalecido pois vem sendo destruído pela produção do agronegócio, que substitui a produção diversificada e de subsistência e a transforma em monocultivos e commodities para outros países, transformando países produtores de comida em dependentes do mercado.
Segundo Humberto, apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela agricultura camponesa com o avanço do agronegócio e do neoliberalismo, os camponeses continuam sendo os responsáveis pela produção de alimentos que vai a mesa da população mundial.
“Os tratados de livre comercio não nos derrotaram, nós somos mais de 3 bilhões de camponeses no mundo e podemos produzir alimentos em quantidade e qualidade para alimentar os 7 bilhões de habitantes de nosso planeta, já que com menos da metade da superfície agrícola do planeta já produzimos alimento para 70% do mundo” complementa Gomes.
Soberania alimentar X Segurança alimentar
 
O projeto de soberania alimentar defendido pela Via Campesina e posto em prática pelos camponeses, vem contrapor o conceito de “segurança alimentar” defendida pela FAO, pela ONU e pelos governos. Para a Via, não basta apenas garantir acesso aos alimentos, mas garantir que as populações de cada país, tenha o direito de produzi-los, garantindo a soberania sobre suas existências.
“A segurança alimentar tem função de desenvolver um programa de agricultura voltado às sementes transgênicas, com uso de venenos que vem deixando uma gama de estados dependente do mercado internacional. As pessoas devem ter o direito de consumir alimentos com qualidade, produzidos culturalmente e ambientalmente de forma adequada”, questionou Gomes.
Produzido pela comunicação do MPA
 
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