REFLEXÕES E PROPOSTAS PARA OS PRÓXIMOS PASSOS DO FSM

2006-03-17 00:00:00

Contribuição para o debate do Conselho Internacional do FSM

De janeiro de 2001, data de realização do primeiro FSM muita coisa (essencialmente boa) se passou. Sendo o processo FSM basicamente novo e inovador, cabe sobre ele efetuar uma permanente reflexão. Não pretender abordar as diversas análises que já foram elaboradas por diversas organizações e seus membros, mas procurar, a partir destas reflexões, propor alguns passos para o futuro.

O processo FSM procura através de uma dinâmica de reflexão, articulação e proposição encadear ações, no âmbito da sociedade civil (e que não excluem parcerias com outros atores políticos), que possam provocar transformações que nos aproximem do "outro mundo possível". Temos em comum a nossa Carta de Princípios, nosso desacordo em relação ao atual processo de globalização mas não temos uma unanimidade em relação a este "outro mundo possível" nem aos caminhos que possam nos levar até lá. Este desacordo não é essencialmente ruim, pois o reconhecimento, a promoção e o respeito à diversidade é um valor fundamental do FSM. O caminho do "outro mundo possível" é a prática deste "outro mundo".

Após os primeiros anos do FSM, onde o estabelecimento e a consolidação do processo foi a nossa grande preocupação, surge uma grande e legítima ansiedade por produzir e fortalecer propostas e por engajar outros atores políticos considerados estratégicos para transformar sonhos, idéias e visões em realidade. Este tema tem dominado os nossos debates e penso que devemos facilitar ao máximo o acolhimento desta demanda. Acho que o FSM já produziu enormes resultados positivos, mas a conjuntura nos impulsiona a acelerar e fortalecer o processo. Afinal das contas seria para nós uma grande frustração se o nosso esforço não resultar em grandes transformações reais. Neste sentido, devemos como Conselho Internacional do FSM, incentivar e facilitar cada vez mais o surgimento de propostas e o fortalecimento e a visibilidade de ações concretas.

É verdade que avançamos alguns passos. A criação do mural de propostas foi positiva, mas ainda insuficiente e tímida. Devemos avançar bem mais. Neste sentido proponho:

1- Que no FSM de Nairobi, os dois primeiros dias sejam dedicados ao tema África, pela importância do tema, pela grande presença esperada de africanos e dado o local do evento. Os dois últimos dias seriam dedicados exclusivamente à apresentação de propostas variadas, não necessariamente e exclusivamente para a África.

2- Que o FSM de 2008 seja inteiramente dedicado à apresentação, visibilidade, promoção e avaliação de propostas, de mobilizações e de campanhas. O fórum poderá ser realizado no Brasil ou em qualquer outro país que acharmos mais adequado, marcando simbolicamente uma nova etapa do processo.

3- Incentivar que outros atores políticos, estratégicos para o sucesso das campanhas, propostas e mobilizações, sejam convidados, pelas entidades organizadoras dos eventos, a assistir e participar das apresentações. Os fóruns paralelos (de juízes, parlamentares, autoridades locais, etc.) se realizariam logo após o FSM para avaliar as propostas e formas de engajamento. Será a oportunidade dos promotores destes fóruns convidar as organizações da sociedade civil a participar dos debates e articular parcerias. Quero ressaltar que esta última proposta foi apresentada por Bernard Cassen, em Caracas, e acredito que sua concretização poderá ser de grande valia para o processo FSM.

Oded Grajew

03/2006

CONSIDERATIONS AND SUGGESTIONS FOR WSF's NEXT STEPS
contribution by Oded Grajew for the discussion in WSF's International Council

Since January 2001, when the first WSF was held, many things (essentially good ones) have happened. Permanent consideration should be given to the WSF process for being basically new and innovating. The several analyses prepared by various organizations and their members should not be referred to, but suggestions may be given for some steps to be taken for the future based on such considerations.

By means of a dynamics involving consideration, articulation and proposal, the WSF process aims at linking actions within the civil society sphere (not excluding partnerships with other political actors) that may result in changes that get us nearer to "another feasible world". We have in common our Letter of Principles, our disagreement about the present globalization process, however, we have not reached to a consensus about said "another feasible world" or the ways that could take us there. Such disagreement is not totally unfavorable because recognition, promotion and respect for diversity is an essential value for WSF. The key for the "another feasible world" is to put such "another world" in practice.

After the first years of WSF where we were very concerned about establishing and consolidating the process, there is a great and lawful need to produce and strengthen proposals and join other political actors considered strategic to transform dreams, ideas and visions into reality. This matter has been at the center of our discussions, and I believe that we should facilitate the achievement of such request as much as possible. I think that WSF has already presented substantial positive results, but the situation makes us accelerate and strengthen the process. We would feel frustrated if our effort did not result in actual and substantial transformations. In this regard, we should, in the capacity of WSF's International Council, encourage and facilitate more and more that proposals be submitted and actual actions strengthened and viewed.

Actually, we have advanced some steps. Having created a bulletin board with proposals was a positive idea, but not sufficient and still timid. We should move forward. So, I suggest that :

1- The first two days in Nairobi WSF be dedicated to Africa in view of the importance of the theme, the expected larger number of Africans and the place where the event is being held. The last 2 days would be dedicated exclusively to the submitting of diverse proposals, not necessarily and exclusively for Africa.

2- The 2008 WSF be fully dedicated to the submitting, visibility, promotion and evaluation of proposals, mobilizations and campaigns. The forum may be held in Brazil or in any other country that we deem convenient, symbolically indicating a new stage of the process.

3- Other political actors strategic for the success of the campaigns, proposals and mobilizations be encouraged and invited by the event organizers to attend and participate in the presentations. Parallel forums (for judges, congressmen, local authorities, etc.) would be held soon after the WSF to evaluate the proposals and engagement forms. These forum organizers will have the opportunity to invite civil society organizations to participate in the discussions and articulate partnerships. I would like to point out that such latest proposal was submitted by Bernard Cassen, in Caracas, and I believe that it could be extremely valuable for the WSF process.

Oded Grajew

03/2006

REFLEXIONES Y PROPUESTAS PARA LOS SIGUIENTES PASOS DEL FSM

Contribución de Oded Grajew para el debate del Consejo Internacional del FSM

Desde enero del 2001, fecha de la realización del primer FSM, han sucedido muchas cosas (esencialmente buenas). Como el proceso del FSM es básicamente nuevo e innovador, cabe realizar una permanente reflexión sobre él, no con la intención de abordar los distintos análisis que han elaborado diversas organizaciones y sus miembros, sino, a partir de estas reflexiones, proponer algunos pasos para el futuro.

El proceso del FSM trata, a través de una dinámica de reflexión, articulación y proposición, encadenar acciones, en el ámbito de la sociedad civil (que no excluyen alianzas con otros actores políticos), capaces de provocar transformaciones que nos acerquen al "otro mundo posible". Tenemos en común nuestra Carta de Principios y nuestro desacuerdo con el actual proceso de globalización, pero no tenemos una unanimidad sobre este "otro mundo posible" ni sobre los caminos que nos puedan llevar hasta él. Este desacuerdo no es esencialmente malo, pues el reconocimiento, la promoción y el respeto de la diversidad es un valor fundamental del FSM. EL camino hacia el "otro mundo posible" es la práctica de este "otro mundo".

Durante los primeros años del FSM, el establecimiento y la consolidación del proceso fue nuestra gran preocupación. Después surgió una gran y legítima ansiedad por producir y fortalecer propuestas y por reclutar otros actores políticos considerados estratégicos para transformar sueños, ideas y visiones en realidad. Este tema ha dominado nuestros debates y pienso que debemos facilitar al máximo la acogida de esta demanda. Creo que el FSM ha producido enormes resultados positivos, pero la coyuntura nos impulsa a acelerar y fortalecer el proceso. A fin de cuentas, seria para nosotros una gran frustración si nuestro esfuerzo no resultara en grandes transformaciones reales. En este sentido debemos, como Consejo Internacional del FSM, estimular y facilitar cada vez más el surgimiento de propuestas y el fortalecimiento y la visibilidad de acciones concretas.

Es verdad que hemos avanzado algunos pasos. La creación del mural de propuestas fue positiva pero aun insuficiente y tímida. Debemos avanzar mucho más. En este sentido propongo:

1- Que en el FSM de Nairobi los 2 primeros días se dediquen al tema África, por la importancia del tema, porque se espera una gran presencia de africanos y dado el local del evento. Los 2 últimos días estarían exclusivamente dedicados a la presentación de diversas propuestas, pero no necesaria y exclusivamente para África.

2- Que el FSM del 2008 se dedique enteramente a la presentación, visibilidad, promoción y evaluación de propuestas, movilizaciones y campañas. El foro podrá realizarse en Brasil o en cualquier otro país que nos parezca más adecuado, marcando simbólicamente una nueva etapa del proceso.

3- Estimular a las entidades organizadoras de los eventos a que inviten a participar en las presentaciones a otros actores políticos que sean estratégicos para el éxito de las campañas, propuestas y movilizaciones. Los foros paralelos (de jueces, parlamentarios, autoridades locales, etc.) se realizarían inmediatamente después del FSM para evaluar las propuestas y formas de comprometimiento. Sería la oportunidad que tendrían los promotores de estos foros de invitar a las organizaciones de la sociedad civil a participar en los debates y articular alianzas. Quiero resaltar que esta última propuesta la presentó Bernard Cassen en Caracas y creo que su concretización podría ser de gran valor para el proceso FSM.

Oded Grajew - 03/2006