Nossa Pátria
O mês de setembro nos introduz, já de início, na Semana da Pátria. Talvez como nunca, neste ano sentimos a importância de nos voltarmos para a Pátria, e acertarmos os ponteiros com ela.
O Brasil é tão grande, e tão generoso, que dá pena ver como é tratado por nós brasileiros. E’ notório o encanto de quem vem ao nosso país, e admira as maravilhas com que a natureza o dotou, prodigamente.
Migrantes que costumam andar por este mundo a fora, à cata de riquezas para levar para sua pátria mãe, quando vêm para o Brasil, acabam ficando aqui mesmo, atraídos por esta terra generosa.
O Brasil abriu suas portas, para acolher tantas raças e culturas. Em termos de Igreja Católica, de trezentos bispos, mais de cem são estrangeiros de origem, mas profundamente brasileiros de adoção. O Brasil adota, o Brasil atrai, o Brasil encanta, o Brasil integra.
Mas, agora, a situação do Brasil inquieta. Existe uma preocupação ecológica, diante de tantas violências praticadas contra a natureza, na floresta amazônica, no cerrado, na mata atlântica, na poluição dos rios, no risco de poluição do “aqüífero guarani”, a nova riqueza descoberta no exato momento em que o mundo se dá conta do risco de escassez da água como a ameaça mais assustadora que a humanidade tem pela frente. Esta abundância de água, partilhada com nossos países vizinhos da América Latina, parece nos dizer que aqui é mesmo, sem sombra de dúvida, uma terra para se viver.
Em meio a tantos sinais que a natureza nos dá, o que falta de nossa parte?
Constrangidos, diante de tantas denúncias de corrupção, de cenas de violência, de situações de desemprego, de desigualdades gritantes, de miséria desumana em contraste com a concentração injusta das riquezas nas mãos de poucos, percebemos que nos falta um projeto de país que corresponda melhor à generosidade da pátria que nos acolhe a todos.
Faz tempo que as pastorais sociais, e os movimentos populares, estão colocando o desafio de definirmos que país queremos construir. “O Brasil que nós queremos”, foi o tema da segunda Semana Social Brasileira, realizada em meados da década de noventa. A Quarta Semana Social volta com a mesma insistência, nos convocando desta vez a um “mutirão por um novo Brasil”.
A Pátria nós a recebemos, como um dom. O País precisa ser construído. A utopia distante já foi sonhada, em termos de um Brasil “politicamente democrático, economicamente justo, socialmente solidário, culturalmente plural, religiosamente ecumênico, e ecologicamente sustentável”.
Mas não basta a utopia. O desafio de agora é encontrar as mediações práticas e concretas para que esta utopia comece a acontecer. Para isto, se requer a nossa participação, consciente e organizada, mesmo que lenta e penosa. Este o apelo de nossa Pátria neste ano.