Um Grito por Direitos
Há onze anos, no dia 07 de setembro, realiza-se em todo o Brasil, a manifestação popular do Grito dos Excluídos/as. São centenas de milhares de pessoas que, em mais de duas mil localidades, se manifestam contra a exclusão, das mais variadas formas: caminhadas, celebrações, teatros, debates, participação de blocos de excluídos nos desfiles oficiais, enfim, não faltam ousadia e criatividade.
O Grito reafirma a capacidade, a força e a responsabilidade dos trabalhadores/as, dos excluídos e excluídas como construtores de uma nação soberana. Exprime o protagonismo dos excluídos que sabem de seu potencial na luta por mudanças. “O grito é acima de tudo propositivo. Com o slogan: Brasil, em nossas mãos a mudança! defende a soberania do nosso país e luta pela justiça, apostando principalmente na organização popular e nas mobilizações dos movimentos sociais. Fica cada vez mais claro que, ou a sociedade se organiza e pressiona pelas verdadeiras mudanças ou nada vai acontecer a não ser nos discursos de vésperas de eleição.
Apesar dos muitos gritos, a realidade continua dura para a grande maioria do povo brasileiro. O Grito levanta a sua voz contra a cultura da corrupção, da impunidade e dos privilégios que sempre beneficiaram uma minoria, as elites. Luta pela conquista dos direitos civis, econômicos, sociais, políticos e culturais. Busca criar a cultura dos direitos, da ética e d a justiça.
O Brasil tem um População Economicamente Ativa – PEA, de aproximadamente 80 milhões de trabalhadores. Mas, 73% da PEA tem renda inferior a três salários mínimos. 50% desta população vive em condições precárias. São nove milhões de famílias, ou 44 milhões de brasileiros que estão abaixo do nível da pobreza. Nos vinte anos de política neoliberal no Brasil, de 1980 a 2000, a população trabalhadora desamparada aumentou de 43% para 54%.
Se for verdade que, o programa Bolsa Família, nos 5.333 municípios onde foi implantado, beneficia 6,5 milhões de famílias pobres, também é verdade que este benefício é temporário, não tem garantias por se tratar de um programa de governo. Não é um direito adquirido. O que precisamos é conquistar direitos fundamentais definitivos: direito ao trabalho e à remuneração digna, direito à saúde, à educação, à moradia e ao lazer. É por isto que continuamos gritando.
O grande grito dos movimentos sociais hoje é por mudanças de modelo econômico, fim do superávit primário e acabar com a política de juros altos para controlar a inflação. É necessário construir um projeto popular, que de conta de resolver os problemas do povo brasileiro, em primeiro lugar.
Tendo consciência, porém, que para isto são necessárias amplas e profundas mudanças estruturais, nesta luta de conquista de direitos, em 2005 o Grito se propõe:
- Desmascarar as contradições da globalização neoliberal, concentradora e excludente, sustentada por uma política econômica que lhe dá legitimidade e suporte;
- Mostrar claramente os efeitos devastadores desta opção nacional, subordinada aos interesses do capital financeiro e das grandes corporações transnacionais;
- Apontar alternativas viáveis em que seja preservada a democracia soberana do povo brasileiro.
Concretamente o Grito continua apoiando a luta pela reforma agrária, soberania alimentar, construção de 10 milhões de moradias populares, repartição de renda por meio de salário e aposentadoria digna, controle dos capitais financeiros, auditoria da dívida externa, plebiscito sobre a Alca, punição para os corruptos e devolução ao patrimônio público de tudo o que foi roubado, regularização e anistia para os imigrantes e integração regional solidária.
Secretário do Grito dos Excluídos/as Continental (*)