Com o tema ?aqui é meu país? e o lema ´a ordem é ninguém passar fome?, realizou-se em todo país, no dia 07 de setembro o 4º
Grito dos Excluídos. Nas 170 cidades, cujos dados já foram levantados, participaram 150.000 pessoas. Embora os dados não
tenham sido contabilizados por completo, o evento aconteceu em mais de 1200 cidades no interior do Brasil. A Secretaria chegou
a este número de locais contando as remessas de material que foram enviadas para todo o Brasil em preparação do Grito.

Coordenado pela CNBB, Central dos Movimentos Populares, Movimento dos Sem-Terra e Central única dos Trabalhadores,
neste ano o Grito contou com a poio da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura, CONTAG e com a Confederação dos
Trabalhadores da Educação, CNTE.

Na quarta realização desta manifestação merecem destaques alguns pontos positivos:

- O Grito trouxe muito ânimo para todos os que participaram no dia e na preparação do mesmo, pois deu para perceber que em
todo o Brasil há gente que está inconformada com o crescente processo de exclusão social;

- O crescimento das parcerias vem se destacando a cada ano que passa. Além da CONTAG e CNTE, outras entidades já estão se
envolvendo nos estados e municípios. É importante destacar que está havendo uma boa participação nas finanças. Enquanto no
primeiro Grito, em nível nacional, as despesas foram pagas pelas pastorais sociais, neste ano todos contribuíram financeiramente
para a realização do evento;

- O Grito manteve se caráter de manifestação popular sem se partidarizar, embora estejamos em ano eleitoral. A coordenação
nacional não permitiu que políticos subissem em palanques para discursar, a prioridade continuou sendo dos excluídos. Neste
sentido, para a grande imprensa o evento ?fracassou?, pois a mesma esperava que, neste ano, a manifestação seria transformada
numa manifestação político-partidária. Ficou evidente, que a coordenação está dando direção ao movimento;

- Temas importante da realidade nacional foram tratados pela mídia. Além de falar sobre a exclusão em geral, o Grito possibilitou
por exemplo, tratar a questão da independência no verdadeiro sentido: o Brasil é ou não um país independente? a atual crise
financeira que o país atravessa deve ou não ser tratada nos programas eleitorais de rádio e TV? Ressaltamos esse ponto porque
a mesma vinha sendo evitada com fins eleitoreiros por alguns partidos. Na tarde do Grito, por exemplo, a TV Bandeirantes estava
entrevistando as pessoas e perguntava se o Brasil é independente ou não; a CBN fez um levantamento para saber se a crise que
o país atravessa devia ser tema tratado pelos candidatos nas campanhas ou não;

- A temática das dívidas sociais, que a 3ª Semana Social Brasileira levantou, esteve presente em todos os gritos, já que a mesma
havia tirado como um dos compromissos ler a Carta ao Povo Brasileiro em todas as manifestações populares do dia 07 de
setembro;

- A simbologia foi um das características marcantes do Grito dos Excluídos: o fato de somente poderem falar os excluídos em vez
das lideranças sindicais e políticas, a partilha e distribuição de pães pelos excluídos, a coleta de alimentos e o envio de duas
caretas para o Nordeste a partir de Aparecida, são alguns dos gestos que marcaram neste manifestação;

- Finalmente a descentralização, criatividade e a estrutura mínima que o Grito usa para se organizar em todo o país. Na secretaria
trabalha uma pessoa em meio expediente, mas há mais de 700 articuladores espalhados por todo o Brasil ligados aos regionais,
dioceses, sindicatos, movimentos populares, federações de trabalhadores, etc. Embora a coordenação dê as grandes linhas
gerais em nível nacional, localmente cada organização tem toda a liberdade de inovar, ser criativa, a fim de envolver, por meio da
cultura popular, o maior número possível de participantes.

Material Produzido

Para realizar o Grito dos Excluídos no Brasil, neste ano de 98, foram produzidos os seguintes materiais:

- 2 tablóides ( o primeiro com 60 mil exemplares e o segundo com 20 mil)

- 03 boletins temáticos com 10 mil exemplares cada

- 30 mil cartazes

- 40 mil adesivos com o lema ?a ordem é ninguém passa fome.?

- 3 mil camisetas.

Desafios que permanecem

- Como organizar os dados de forma ágil a fim de evitar possíveis manipulações e divulgar informações que correspondam a
realidade sobre o que aconteceu no Brasil no dia do Grito? Como sistematizar o que aconteceu nos estados, por exemplo, por
meio de um vídeo?

- Como conseguir mais recursos que permitam ampliar a cada ano o Grito?

- Grito latino-americano no ano de 1999 e continental, ou seja, nas Américas no ano 2000 ? É possível, de fato, dar este salto?

Pe. Luiz Bassegio e Ari Alberti

P/ Coordenação do Grito dos Excluídos