Crise Mundial e Migrações
A crise mundial atual é climática, energética, social e cultural. Foi provocada pela desaceleração da produção, com o início do predomínio do capital financeiro sobre a produção; assistimos a uma financeirização das empresas produtivas, a uma ditadura dos acionistas que exigem lucros cada vez maiores. Graças aos paraísos fiscais desenvolveu-se uma economia criminal, uma economia descolada da realidade produtiva. O capital financeiro passou a ser hegemônico, passou a ser o motor da economia. Tudo se transformou em mercadoria, os serviços públicos, a especulação sobre as matérias primas, exploração do trabalho e dos bens naturais. Passou-se a explorar os recursos naturais nos países pobres, onde as leis são menos rígidas. Assim chegamos a uma crise profunda com o estouro da bolha financeira. Tudo isso tem efeitos sobre os direitos, sobre o trabalho, emprego, a proteção social , sobre os alimentos e sobre as migrações.
Só no Brasil, 4 milhões de migrantes deixaram o campo por conta do avanços do agro combustível. Com o aquecimento global, poderão surgir 100 a 150 milhões de novos imigrantes climáticos. A crise climática tem as ver com a emissão de gás carbônico. Esta emissão cresceu no ano passado 2%. No século 21 pode subir o calor de 1 a 6%. Muitas espécies desaparecerão, subirá o nível do mar e com ele muitas cidades desaparecerão.
A crise alimentaria cresce ao substituir a agricultura de alimentos pelo monocultivo, reconcentrando a terra e favorecendo o agro-negócio. Há uma maior dependência da energia o que leva a subir os preços dos alimentos. As reservas mundiais de alimento que eram de 70 dias, passaram a doze.
A crise energética tem a ver com a falta de energia para a manutenção do modelo de crescimento. O petróleo terminará em 40 anos. Como substituir a produção de 60 milhões de barris diários. Há uma super exploração de energia não renovável e então se busca no sul o que começa a faltar no norte. Podemos continuar numa perspectiva de progresso sem limites?
A crise social cresce porque 84% dos recursos são consumidos por apenas 20 dos ricos e 20% dos pobres consomem apenas 1%. Não se trata de regular o sistema, mas de mudá-lo e substituí-lo com alternativas.
É preciso responsabilizar os verdadeiros culpados, os que sempre exigiram que fossem seguidas as orientações do FMI e que diziam que a mão invisível do mercado resolveria tudo e que o estado cuidasse da segurança sem se interferir na economia. Deu tudo errado e hoje, os causadores da crise que queriam o estado fora da economia, são os mesmos que exigem sua presença, mas desde que seja para defender os seus interesses. Continuam apontando como saída da crise o mesmo receituário que a provocou, mais investimentos, crescimento e mais consumo. Entendemos que isto somente aprofundará a crise. Trata-se, isto sim, de repartir, de consumir menos e de mudar o modelo de desenvolvimento. Deve-se penalizar os culpados e não os trabalhadores, os povos; a crise que a paguem Oe que a causaram.
É preciso denunciar com veemência a ideologia neoliberal que levou a esta situação; não se trata apenas de regular os sistema, mas de lutar por um novo modelo com uma relação de respeito com a natureza, com controle coletivo das bases da vida da humanidade; com preferência ao valor de uso dos bens naturais e não dando prioridade ao valor de mercado. Generalização da democracia em todas as relações humanas, econômicas, sociais, culturais e políticas
Não se pode agora, fazer dos migrantes os bodes expiatórios da crise como ocorre em alguns países, não são os culpados, ao contrario os migrantes são a solução. Migrar não é crime, crime são as causas estruturais que provocam as migrações forçadas