Dia Internacional dos Imigrantes

2009-02-06 00:00:00

“Gritamos todo o dia, queremos anistia, nenhum ser humano
é ilegal – cidadania universal”, estas eram as palavras de ordem mais ouvidas ao longo das ruas do centro de São Paulo, desde o início da tarde deste dia 14 de dezembro. Centenas de imigrantes, bolivianos, paraguaios, peruanos, chilenos, africanos, marcharam por mais de dois quilômetros até chegar à Praça da Sé.
Ao longo do trajeto houve uma parada em frente à
prefeitura onde foi lido a primeira parte do documento
distribuído na manifestação que tinha como título “nossas vozes,nossos direitos, por um mundo sem muros”. O texto dizia “não à globalização neoliberal que se, por um lado favorece a concentração das riquezas, circulação de bens e mercadorias, por outro lado, criminaliza e cria restrições à livre circulação das pessoas; não a todas as formas de migração forçada dos povos indígenas fruto da expropriação de suas terras e dos mega-projetos agroindustriais que trazem como conseqüência o desenraizamento e a destruição
das culturas; não às situações de trabalho degradante e escravo, na qual se encontram pessoas, como no trabalho
da costura, nas fazendas, no corte da cana e também na construção civil.
Os imigrantes também expressaram o seu repúdio à Diretiva de Retorno da União Européia e outras formas
de criminalização dos/as migrantes.
Representantes de diversas organizações expressaram apoio à luta dos imigrantes, em defesa da participação
política, do direito ao voto, da livre circulação e do acesso aos direitos. A Central Única dos Trabalhadores, Serviço Pastoral dos Migrantes, Grito dos Excluídos Continental, Força Sindical, para citar algumas, reforçaram a urgente
necessidade de uma anistia ampla, geral e irrestrita a fim de que os imigrantes possam ter acesso aos direitos e
viver em paz.
Também foi denunciado o modelo neoliberal que, ao precarizar as relações de trabalho em vista de maiores
lucros, permite que os trabalhadores sejam cada vez mais explorados e, num momento de crise, é sobre eles que
recai os efeitos com o fantasma do desemprego. Os participantes evidenciaram que migrar não é crime, crime são todas as causas estruturais que obrigam a pessoa migrar.
“Nativa o extrangera, la misma classe obrera”, gritavam os marchantes, expressando que tanto os estrangeiros
como os brasileiros fazemos parte da mesma classe trabalhadora, explorada e marginalizada. Com este slogan, os imigrantes chegaram a Praça da Sé, onde simbolicamente, derrubaram um grande muro que impedia a entrada na
Praça.
Os manifestantes se juntam a todas as manifestações do Dia
Internacional dos imigrantes que deverá acontecer em diversos países até o dia 18 de dezembro. Esta data foi estabelecida pela
ONU em 1990 e assumida pelos movimentos sociais presentes
no II Foro Social Mundial das Migrações realizado em 2006, na Espanha.
A expectativa dos imigrantes é que a cada ano aumente
a participação, dando assim maior visibilidade a realidade
migratória e denunciando com coragem todas as situações que
atentam contra seus direitos.
Da Secretaria do Grito dos Excluídos Continental (*)