República Dominicana prepara o Grito dos Excluídos/as Continental

2002-09-03 00:00:00

A República Dominicana, país do Caribe, conta com uma população de 9
milhões de habitantes e possui um território de 48,44 mil quilômetros
quadrados. Devido à falta de apoio aos trabalhadores do campo, grande parte da
população rural migrou para as cidades e um contingente significativo para o
exterior. Em 1950, 76,2 % da população vivia no campo. Hoje, 70% encontram-se
nas cidades e cerca de 2 milhões de dominicanos vivem no exterior, o que
corresponde a 20% da população do país. O principal país de destino são os
EUA, onde, somente em Nova Iorque, vivem um milhão de dominicanos. Na Espanha,
a comunidade dominicana perde numericamente apenas para as comunidades do
Equador e Colômbia.

Todo esse contingente que se desloca para as cidades, está sendo
continuamente ameaçado por despejos. De fato, 85% dos moradores não possuem
títulos da terra e tampouco de suas habitações. Os despejos e ameaças têm
como causa principal a ganância das imobiliárias que loteiam as terras para
fins turísticos e para a instalação de zonas francas. Milhares de famílias já
foram despejadas e dezenas de milhares estão prestes a sê-lo. São mais de 200
mil pessoas ameaçadas.

Com a implantação das zonas francas, o país deixará de receber 40% de
suas receitas, provenientes dos impostos aduaneiros. Certamente, estes 40%
faltantes deverão ser arrecadados com mais impostos sobre a população. Isso,
mesmo sabendo que, 70% da população vive abaixo da linha da pobreza e o
desemprego atinge 20% dos trabalhadores.

Grande parte dos recursos que o país arrecada, destinam-se ao pagamento da
dívida externa, que bateu o recorde mundial, duplicando-se em apenas 2 anos.
Passou de 3,2 bilhões de dólares para mais de 6 bilhões.

O documento preparatório do Grito dos Excluídos/as neste país, assim se
expressa: “ nós, 85% das famílias dominicanas, construímos os bairros,
cidades e comunidades, mas negam-nos os títulos dos terrenos onde vivemos e
trabalhamos. Somos vítimas constantes de despejos violentos. Derrubam as
nossas casas com a participação da polícia nacional, trazendo-nos trágicos
resultados como a perda de bens, feridos e mortos. Vivemos num verdadeiro
estado de terror. Como conseqüência desta política, milhares de famílias vivem
debaixo de lonas e barracões, contando apenas com a caridade do povo. Exigimos
que o governo do nosso país abandone a política neoliberal e de endividamento
externo, bem como o pagamento da mesma. Que o governo reconheça os direitos do
povo a fim de garantir a satisfação de suas necessidades básicas, contrapondo-
se à lógica do mercado e permitindo uma participação democrática”.

Também outros países do Caribe estão levando adiante uma luta contra o
colonialismo e por sua independência. É o caso de Porto Rico, Curazau e
Martinica. Em outros, a luta ambientalista e pela moradia é vital. Em
Trinidad, Barbados, Martinica, Curazau e Tobago se travam fortes lutas
trabalhistas. Já na República Dominicana e Haiti, desenvolve-se uma luta mais
ampla contra o neoliberalismo.

Os excluídos e excluídas da República Dominicana, se unem aos demais
países do Caribe e do continente americano e reafirmam, nesse 12 de outubro, a
decisão de resistir à política neoliberal de privatizações, endividamento
externo, despejos violentos e tantas outras injustiças.”

Em 12 de outubro, um grande Grito se fará ouvir na República Dominicana.
Todos juntos estarão gritando “ Si a la Vida. No al ALCA. Outra América es
Posible”.

* Pe. Luiz Bassegio, Secretário do Grito dos Excluídos/as Continental - Por
Trabalho, Justiça e Vida -