Criminalização dos movimentos sociais como produto do neoliberalismo

2009-02-10 00:00:00

Entre muitas atividades do Fórum Social Mundial em que militantes do MAB participam como painelistas, na tarde de ontem participamos da mesa sobre “Criminalização dos protestos e movimentos sociais”, organizada pelo Instituto Rosa Luxemburgo. Os objetivos da mesa foram des­vendar as diversas modalidades de criminal­ização que se colocam sobre os movimen­tos sociais; fazer uma relação entre estas e outras maneiras de repressão; e pontuar as formas de resistência à essa tendência cada vez mais evidente.
 
Soniamara Maranho, militante do MAB, disse que hoje a criminalização dos movimentos sociais é um fator político comandado internacionalmente. Segundo ela grandes empresas estão em uma busca acirrada dos bens naturais e precisam de muita energia para o saqueio desses bens. “Para levarem nossas riquezas, as transnacionais precisam fazer muitas barragens, deslocam milhares de pessoas e criminalizam lideranças que contestam a construção dessas obras. Quanto mais criminalização houver contra nós, mais mobilizados ficaremos para defender os bens desse país para as futuras gerações de trabalhadores brasileiros”, disse ela.
 
Assim como Sôniamara depôs sobre o processo de criminalização de lideranças em Minas Gerais, Dom Erwin Krautler, bispo de Altamira, no Pará, deixou dezenas de pessoas emocionadas com seu depoimento. Segundo ele, em Altamira, a reação das empresas aos lutadores é a “demonização” e, para elas, quem se opõe aos seus projetos não merece a vida. Dom Erwin vive sob proteção policial durante 24 horas por dia. “Esse é o preço que se paga por contestamos a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, e eu sou um único exemplo dessa criminalização que sofremos, outros tantos vivem na mesma situação que eu”, disse dom Erwin.
 
Pablo Ramo, do México, disse que a criminalização é um produto do neoliberalismo, pois o capitalismo aumenta o controle na medida em que aumenta a crise do capital. Por isso, disse ele, nos últimos anos houve um aumento dos conflitos, juntamente com o aumento das estratégias de confronto. “A rapinagem dos bens naturais pelas grandes empresas acontece da mesma tanto no México, como no Brasil e nos demais países da América latina e existe um aparato de Estado que cria marcos legais, fertilizam o terreno para a criminalização de nossos companheiros militantes e nossas organizações organizações”, finalizou Ramo.