Tribunal condena governo Bush
Durante o FSM, júri declara Estados Unidos como culpados por cometerem
crimes contra a humanidade.
Dia 27 de março de 2003, uma semana após o início da invasão dos
Estados Unidos no Iraque, o mexicano Fernando Suárez perdeu seu filho
em combate. Em viagem ao país ocupado, descobriu que seu filho não
morreu após ser baleado pelas forças opositoras, como lhe disseram,
mas sim por ter pisado em uma bomba de destruição massiva do exército
estadunidense – armamento proibido pela ONU. "Esses jovens sao
recrutados de maneira absurda. O exército faz promessas a eles
(soldados estrangeiros contratados) que jamais serão cumpridas", diz o
mexicano.
"Temos que fazer de tudo para impedir que outros jovens continuem
morrendo em nome da guerra do terrorista George Bush".O testemunho do
mexicano e de outras vítimas de tortura, assassinato, acões
clandestinas, espionagem e sequestro promovidos pelos Estados Unidos
levaram à condenacão do governo de George Bush por terrorismo
internacional pelo Tribunal Hemisférico Contra o Terrorismo e Pela
Vida, que aconteceu dia 26, durante a sexta edição do Fórum Social
Mundial.
Presidido pelo sociólogo belga Francois Houtart, o tribunal foi
organizado para julgar os crimes que o governo dos Estados Unidos
comete contra a humanidade. A decisão, sem valor jurídico oficial, foi
tomada por um júri composto por representantes de diversos países.
ASSASSINATO DE CIVIS
Entre os depoimentos, militantes denuciaram a intervenção
estadunidense na Colômbia, por meio do Plano Colômbia, que tem como
pretexto combater o narcotráfico, e foi responsável pelo assassinato
de milhares de civis. "E o governo da Colômbia está a servico dos
interesses dos Estados Unidos, mesmo que para isso tenha que matar e
torturar".
O Ato Patriótico, legislação estadunidense que aumenta a autoridade do
governo federal para rastrear suspeitos de terrorismo, também foi
citado pelas testemunhas. Durante um dos depoimentos, uma ex-
funcionária da Casa Branca apresentou documentos que comprovam a
participação dos Estados Unidos na tentativa de golpe contra o
presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
As testemunhas também acusaram o governo de George W. Bush de proteger
o dissidente cubano Luis Posada Carriles, acusado de ser o autor
intelectual da explosão de um avião da Cubana de Aviacion, que deixou
73 mortos em 1976. A esposa de Gerardo Hernández, um dos cinco cubanos
presos desde 1988 nos Estados Unidos sob a acusação de espionagem,
também participou do tribunal e pediu aos jurados e presentes: "não
nos deixem sós".
O juri afirmou que, mesmo nos Estados Unidos, o povo sofre quando não
defende os interesses do imperialismo. "Declaramos o império culpado
por cometer crimes de lesa humanidade e defendemos o direito de
resistência dos povos, por todos os meios, até pegando em armas, se
isso for necessário para vencer o imperialismo".